1. 1

    Onildo Barbosa - Casa Amarela

  2. 2

    Onildo Barbosa - Boi Lâmina Azul

  3. 3

    Onildo Barbosa - Meu Pé de Mandacaru

  4. 4

    Onildo Barbosa - Cachaça e Mulher Bonita

  5. 5

    Onildo Barbosa - Oi Paixão, Diz Paixão

  6. 6

    Onildo Barbosa - Vaqueiro Velho

  7. 7

    Onildo Barbosa - Nos Cafundó do Sertão

  8. 8

    Onildo Barbosa - Por Detráz da Moita

  9. 9

    Onildo Barbosa - O Anjo (Poema)

  10. 10

    Onildo Barbosa - Paixão Boiadeira

  11. 11

    Onildo Barbosa - Perfume de Manacá

  12. 12

    Onildo Barbosa - Vou Ver o Que Na Igreja ?

  13. 13

    Onildo Barbosa - Cabocla Tropicana

  14. 14

    Onildo Barbosa - Esquenta Moreninha

  15. 15

    Onildo Barbosa - Flor de Cajueiro

  16. 16

    Onildo Barbosa - Natubaião

  17. 17

    Onildo Barbosa - Nem de Tudo o Homem Sabe

  18. 18

    Onildo Barbosa - O Anjo Guardião

  19. 19

    Onildo Barbosa - O Tempo Que Nao Volta

  20. 20

    Onildo Barbosa - Onildo Barbosa

  21. 21

    Onildo Barbosa - Perdido Na Matutagem

  22. 22

    Onildo Barbosa - Quem Sou Eu

  23. 23

    Onildo Barbosa - Retrato da Seca

  24. 24

    Onildo Barbosa - Retratos do Passado

  25. 25

    Onildo Barbosa - Runnig

  26. 26

    Onildo Barbosa - Salve Zé Marcolino

  27. 27

    Onildo Barbosa - SONHO DE OUTONO

  28. 28

    Onildo Barbosa - Vivendo No Campo

Quem Sou Eu

Onildo Barbosa

Às vezes estou na rua,
No campo em qualquer lugar
E paro pra perguntar,
A mim mesmo: quem sou eu?
De onde vim? Pra onde vou?
Porque é que aqui estou,
Qual é o meu paradeiro?
Sufocado neste esmo,
Eu respondo pra mim mesmo:
Ah! Eu sou um BRASILEIRO.

Eu sou a força do vento
Que açoita a onda raivosa
Sou a ponta do espinho,
Que se esconde a traz da rosa,
Sou a pedra do batente,
Sou a água da enchente,
Que passa levando tudo,
Sou o Brasil dos brasis,
Sou um cabôco feliz,
Sem a ciência do estudo.

É isso mermo!! Eu sou pó
Pó de poeira, mardito,
Sou a ância do socó,
Na busca do peixe aflito.
Sou o choro da peitica,
O pingo-pingo da bica,
Enchendo pote e panela.
Sou o caboco de fé,
Que anda léguas a pé,
No encontro da donzela.

Eu sou a dor da topada,
Nas pedras que a vida traz
Essa topada bem dada,
Que vira a unha pra traz.
Sou a saudade que dói
Derramando água nos zói
Do matuto sonhador,
Sou o grito das gaivotas,
O verso que arranca notas,
Da goela do cantador.

Sou mandacaru cinzento,
Espremido na pedreira,
Sou o segredo convento
Por trás do manto da freira,
Eu sou o medo guardado,
Entre os zói arregalado
Do mulequim cabeçudo,
Que cresce puxando enxada,
Finge não saber de nada,
Mas é quem sabe de tudo.

Sou o Pescador Que canta,
Tocando o remo na proa,
Numa sexta feira santa,
No vai e vem da canoa,
O suor que banha o rosto,
Do Sertanejo disposto,
Cultivando o solo duro,
Não se reclama nem chora;
Planta uma semente agora
Para Colher no futuro.

Talvez eu seja um pingente
No pescoço desnutrido,
De um peregrino sem sorte,
Num mundo desconhecido,
Sou a casca da madeira
Barulho de ribanceira,
Na chuva torrencial,
Redemoinho nervoso,
Lençol de algodão cheiroso
Estendido no varal.


Talvez eu seja um herbívoro,
Comendo a folha que chia,
Ou um Gigante carnívoro,
Devorando a própria cria,
Pois quando chegar meu fim
Ninguém vai lembrar de mim,
Nem o que aconteceu,
De tudo eu serei um nada,
Somente um conto de fada
Que a mão do tempo escreveu.

Playlists relacionadas Ver mais playlists

Momentos

O melhor de 3 artistas combinados