Retrato Em Branco e Preto
  Já conheço os passos dessa estrada 
 Sei que não vai dar em nada 
 Seus segredos, sei de cor 
 Já conheço as pedras do caminho 
 E sei também que ali, sozinho 
 Eu vou ficar tanto pior 
 O que é que eu posso contra o encanto 
 Desse amor que eu nego tanto, evito tanto 
 E que no entanto volta sempre a enfeitiçar 
 Com seus mesmos tristes velhos fatos 
 Que, num álbum de retratos, eu teimo em colecionar 
 Lá vou eu de novo, feito um tolo 
 Procurar o desconsolo 
 Que eu cansei de conhecer 
 Novos dias tristes, 
 Noites claras, versos, cartas 
 Minha cara, ainda volto a lhe escrever 
 Pra lhe dizer que isso é pecado 
 Eu trago o peito tão marcado 
 De lembranças do passado 
 E você sabe a razão 
 Vou colecionar mais um soneto 
 Outro retrato em branco e preto 
 A maltratar meu coração