A voz que inflama a multidão
 
 Somos iguais, todos irmãos!
 
 E a marcha segue direto pra forca
 
 Tudo a contento do senhor das moscas
 
 Distante eu sou apenas a ideia
 
 Perto proclamo a doença e miséria
 
 As mãos lavadas e sem mais promessas 
 
 E dai a César o que é de César
 
  
  Quero matar, quero salvar
 
 O copo cheio até transbordar
 
 Quero o FIM
 
 E a salvação!
 
 A luz que atrai para a escuridão
 
 Quero o acordo, quero a discórdia
 
 A condenação e a misericórdia
 
 Quero o bem fazendo o mal
 
 O último trago antes do final
  
 
 Quero ficar, quero partir
 
 Não olhar pra trás e nunca sumir
 
 Quero gritar e nada dizer
 
 Tudo a ganhar sem nada a perder
 
 Quero sentir, quero a inércia
 
 A consolação da ferida aberta
 
 Quero o real e a ilusão
 
 A insanidade e a revelação
  
 
 Quando a mentira virou verdade
 
 A passos largos da realidade
 
 Quando a vaidade seduz a razão
 
 Onde está a revolução?
 
 Quando o silêncio cair sobre nós
 
 Restando apenas um cenário atroz
 
 Quando o egoísmo vencer a esperança
 
 Enfim dançamos a mesma dança
  
 
 Os olhos seguem a mão do carrasco
 
 Abandonado por Deus e o Diabo
 
 E a boca sussurra a última prece
 
 Mais uma vida que a história esquece
 
 Como um cão pestilento com sangue nos olhos
 
 Eu marcho com a noite escondido entre as sombras
 
 Sou o próprio demônio a procura de uns tragos
 
 Sorrisos de álcool e versos imundos
  
 
 Estarei com você como nunca estiveram
 
 Serei seu diabo, pagarei suas contas
 
 Aceitarei seus defeitos, não se trata de amor
 
 Só instintos impuros e cobiça de carne
 
 Em meio a essa sujeira vou limpar o seu corpo
 
 Praguejar o falso mundo dos dentes mais brancos
  
 
 Vou revelar nossos truques novos pecados
 
 Que habitam seus sonhos não realizados
 
 O futuro é o sopro de um olhar senil
 
 A existência, um momento, um ideal tardio
 
 O pensamento um lamento um breve calafrio
 
 O sangue turva, coagula, não é mais febril
 
 A noite chega e o que vejo, ninguém jamais viu
 
 A boca cospe palavras, não sei quem pariu
 
 Mente bloqueada, mas o mal saiu
  
 
 Então entre as sombras Deus me livre do inferno
 
 Pobre diabo, vil
 
 E via o pão que o diabo amassou
 
 Com a farinha do mesmo saco
 
 De onde Judas perdeu as botas
 
 Terra de cegos do olho por olho
 
 Não preciso vero diabo, pra conhecer o inferno
  
 
 No rosto exposto o fundo do poço
 
 O futuro escuro pichado no muro
 
 Fumaça de graça na praça a cachaça
 
 O momento, o exemplo, mas e o sustento?
 
 No beco mais beco escuro, o pensamento é insulto
 
 E o silêncio grita, acena a olhos fechados
 
 Dê-lhes um inimigo em comum
 
 A união é fruto de um inimigo