Maria da graça infinda
 
 Era a mais linda das raparigas
 
 Deixava sempre, ao passar
 
 Frescas no ar, lindas cantigas
 
  
  Mas uma tarde abalou
 
 E regressou já noite morta
 
 Desde então, que sina a sua
 
 Dizem na rua de porta em porta
  
 
 Já foi Maria da graça
 
 Já teve graça ao passar
 
 E agora quando ela passa
 
 Nem graça tem no andar
 
 Entrou com ela a desgraça
 
 No dia em que ele a deixou
 
 Já foi Maria da graça
 
 Mas só Maria ficou
  
 
 Tem um filhinho pequeno
 
 Muito moreno, que atira ao pai
 
 E adoça um pouco o desgosto
 
 Beijando o rosto de sua mãe
  
 
 Conserva o seu ar infindo
 
 E um fogo lindo nos olhos belos
 
 Mas o sol, quando ela passa
 
 Já não esvoaça nos seus cabelos