Concordo que me falem na severa
 
 Pois nos seus tempos já era
 
 Mais que rainha do fado
 
 Entendo, dever lembrar outros mais
 
 Esses nomes imortais
 
 Dos fadistas do passado
 
  
  Tecer a glória
 
 Duma cesária fadista
 
 Duma Maria vitória
 
 Ou duma Júlia florista
 
 Dum Armandinho
 
 Fadista duma só crença
 
 Marceneiro e machadinho
 
 Joaquim campos e Proença
  
 
 Dos poucos nomes que disse
 
 Não posso, mesmo que queira
 
 Esquecer a Maria Alice
 
 Maria emília ferreira
 
 Depois nesta hora incerta
 
 Lembrar a Ercília costa
 
 Amália, hermínia e berta
 
 Das quais tanto o povo gosta
  
 
 Agora quando os mais novos acordam
 
 São os velhos que recordam
 
 Como em tempos era o fado
 
 Os de hoje, de vida alegre e louçã
 
 Hão de chorar amanhã
 
 Com saudades do passado
  
 
 Ninguém entende nessa aparência bizarra
 
 Como é que a gente se prende
 
 Ás cordas duma guitarra
 
 Ninguém maldiga o fado que nos encanta
 
 Que a vida é uma cantiga
 
 Que nem toda a gente canta
  
 
 E quando eu for mais velho
 
 Hei de entreter-me, bem sei
 
 Ensinando aos meus rapazes
 
 Os fados que já cantei
 
 Talvez que vocês apontem
 
 As nossas noites de agrado
 
 Que lhes digam, que lhes contem
 
 Que eu também cantava o fado