A casa
A porta
A ceia
Ouvi as batidas na porta
Não eram batidas apressadas
Carregadas de ansiedade
Ou mesmo batidas fortes
Que me assustasse
Tinha uma espécie de ritmo convidativo
Sei lá, arriscava chamar até de batuque sabe?!
Sabia que mais cedo ou mais tarde ele viria
E que deveria estar preparado com a ceia
Dada a promessa das escrituras
Sabia também que se abrisse a porta
Estaria dizendo com meu olhar mi casa és su casa
Daí mais que cear comigo somente
Seria visitar minha casa como um todo
Todos os cômodos?
Me batia um temor ingênuo
Pois minha casa foi feita pra ele, por ele, com ele
Na fé no Deus trino
Tenho vergonha de mostrar alguns cômodos
Como sou néscio, ele conhece bem a casa
Porém nunca invadiu
Abri a porta e o deixei entrar
Caramba, iluminou tudo!
Alguns monstros que eu não via
Dada a pouca luz vazaram de imediato
Quem diria, estamos a mesa em plena ceia
E eu continuo preocupado com os cômodos
Lugares com infiltrações, goteiras
Tudo bem bagunçado em alguns
Ele percebe no meu olhar, sabe de tudo
Conhece tudo
Me diz: Eu lhe dei essa casa!
Sei como está cada canto dela
Eu tento levantar da mesa e digo: Vou arrumar!?
Com um de imensurável amor ele me diz
Basta cear comigo filho! Basta cear!
Minha graça te basta!
Depois dê uma volta pela casa
E veja se os cômodos estão do mesmo jeito
Fui no meu quarto em secreto e já não era o mesmo
Voltei e encontrei um bilhete que dizia
Tenho muitas outras portas pra bater
E gostaria da ajuda das suas mãos
Vamos nessa!?
Viajaí?!
