Queria eu ser uma espaçonave 
 Com intuição de pássaro grande 
    Queria eu ser um pássaro-nave 
 Sem ressentimentos, sem ressentimentos   
 Calhei de ser pé 
 E chão, e rio 
 Calhou de levar em meu escort   
 Sigo suburbano, arredio 
 Que não conta com a sorte 
 Mas no momento, não me custa dizer 
 Já não ando muito abalado   
 A cidade não cansa 
 Tronco reto, peito aberto, coração alado 
 A cidade não alcança   
 É, é preciso amanhecer 
 É preciso aceitar andar 
 É preciso adoecer 
 É preciso se curar, andar   
 Ela é linda e não tem nome 
 Ele, preso no lugar 
 E o alívio que se esconde 
 No rebanho dos meus pensamentos 
 No meu corpo solto sob o Sol 
 Confortável com a sombra 
 Confortável com a solidão   
 Onde a alma descansa 
 Onde a alma se inventa 
 Onde a dúvida dança   
 E no momento não me custa dizer 
 Já não ando muito abalado 
 A maldade não alcança 
 Tronco reto, peito aberto, coração calado   
 Sobre praias e vilas, e ruas e curvas 
 Esquinas e luas de qualquer lugar   
 Na verdade, não me custa dizer 
 Quando estava, não estava 
 Andava desligado   
 Na verdade, não me custa dizer 
 Quando estava, não estava 
 Andava avoado   
 De verdade, não me custa dizer   
 Ao céu fez espaçonave 
 A cabeça pra ver e ouvir 
 O afeto de mapa e farol   
 Ao céu fez espaçonave 
 A cabeça pra ver e ouvir 
 O afeto de mapa e farol