Uma cidade afogada De pernas e braços E mãos para os céus A procura do acaso Perdido no tempo em que tudo era belo E estranho e vibrante E cheio de coisas que já não existem Que já não insistem Que já não se fazem Canções como antes Paixões delirantes Extintas no medo O degelo do apreço Só fez afogar E cegar, e cegar
Mas ainda vai chover E os dias vão raiar Que é pra nunca esquecer E pra sempre chorar
Uma cidade alagada De cores tão mortas De flores sem pátria Pisadas ao vento Num chão de tropeços Num Deus nos acuda Ou então nos esqueça Ou então nos mereça Com um fim sem maldades Sem dor nem tristeza Sem essa sujeira Que fede a vontade Como se a cidade já fosse deserta Como se as crianças não fossem brincar E brincar, e brincar
Mas ainda vai chover E o s dias vão raiar Que é pra nunca esquecer E pra sempre chorar