Serviste os míseros, os justos e os nobres 
 O juiz, o carrasco, a vítima e o réu 
 Também o bom, o mal, o forte e o fraco 
 Serviste caim, serviste abel 
    E o alanco que deste à oratória 
 Sem receber a mínima menção   
 E até as cartas dos marujos naufragados 
 Carregaste pela arrebentação   
 Agora como ousa um covarde ingrato 
 Arrancar-te de tua nobre função   
 Teria ocorrido ao juízo 
 Do infame que atreveu-se a lhe empunhar 
 Da glória de sua notória história 
 Ao reduzir-te à arma em uma briga de bar   
 Estraçalhando-te na cabeça alheia 
 Por vão motivo que nem vale assinalar   
 Esquecendo que o que corre-lhe na veia 
 Sem ti jamais poderia circular   
 Antecipando assim a melancolia 
 Que cedo ou tarde sentaria em nossa mesa   
 Pois o que dói mais do que vê-la vazia 
 É ver estraçalhada sua natureza