durma bem gigante elefante do arco-íris
As esperanças na vida
São como as ondas do mar
Se uma esboça despedida
Outra lhe ocupa o lugar
O forte vence as mares de mágoa
Sem se magoar
O espinho não fere a espécie
De quem não sabe pisar
Viva a sonhar quem diria
Que o amor sempre frustrado
Em vez de ficar à espera
Um dia fosse esperado
Da vida inteira só colhi
Decepções e fracassos
Ninguém serviu de ajuda
Nos meus doloridos e trabalhosos passos
Com as penas do inferno
Com tortura medieval
Com frieza e maldade
Eu prometi ferir meu antigo eu –
Que agora vejo com contrariedade
Recordo a Cristo, a aventura
Ao suplício e seu gesto de bondade
Que releva, ao descer à sepultura
Todo o mal que fez a humanidade
Vivo na lágrima, na dor
No travo de sabor
Sumir, irmã da morte
No fundo do peito a amargura crava
Ferindo diferente a fraco ou forte
E venturoso todo meu amado
Que, desde que em mim
Feliz a sua sorte
Dessas feridas que provocas
Lavo todo o veneno que se aborte