O barulho do silêncio
 
 Não incomoda ninguém
 
 Quem já foi pra eternidade
 
 Pegou a estrada do além
 
  
  Mora um noventa e novembro
 
 Perto da casa dos cem
 
 Urubu vive da morte
 
 E vida a morte não tem
  
 
 Não tem fim o infinito
 
 Nem começo o universo
 
 O fórum da lei divina
 
 Nunca entra em recesso
  
 
 No braço dessa viola
 
 Nesse pagode eu confesso
 
 Tem violeiro sem talento
 
 Querendo fazer sucesso
  
 
 O cuitelo beija a flor
 
 Mas não senta na roseira
 
 João-de-barro faz a casa
 
 Lá no galho da paineira
  
 
 Prato do bicho da seda
 
 É folha da amoreira
 
 Cupim faz a sua casa
 
 No esteio de madeira
  
 
 No Brasil verde e amarelo
 
 Tem um povo bravo e forte
 
 Para caçar borboletas
 
 Não precisa tirar porte
  
 
 O Machado de Assis
 
 Não tem cabo e não tem corte
 
 Passagem pra outro mundo
 
 Tem o carimbo da morte