[Verse 1]
 
 Chibos interesseiros. Intrujas manhosos.
 
 Bacanos desorientados à espera de algo, sem saber o quê ao
 
 certo.
 
 Mas a com toda a certeza de que o saberão quando a cena finalmente
 
 surgir.
 
 Miúdas que quase que fazem uma mamada em troca de um algodão.
 
 Quase que fazem, o caralho, fazem mesmo.
 
 Caras e corpos de 40 anos que na verdade viveram apenas metade desse tempo.
 
 Barracas impregnadas com aquele ar nauseabundo.
 
 Muletas, ligaduras, hematomas, sangue coagulado.
 
 O cheiro, não se consegue desfarçar o cheiro.
 
 Surgem vozes de todo o lado:
 
  
  -"Boa branca", "boa castanha", "Serenal", "Paxilfar",
 
 "amoníaco", "prata", "bombas", "sai do meio da rua e encosta à parede!",
 
 "Filha da puta do carocho só faz é merda !!!"
  
 
 [Chorus]
 
 (4x)
 
 Vai fechar a loja e o puto não comprou nada.
 
 Não comprou nada, Não comprou.
  
 
 [Verse 2]
 
 Duas da manhã mas a loja tá aberta, como sempre.
 
 Seja natal ou fim-do-ano, o negócio não pode parar,
 
 não consegue parar, e por isso, logicamente nunca irá parar.
 
 Disponível num centro perto de si.
 
 Dinheiro puxa dinheiro como vício puxa vício.
 
 Enquanto houver gente a comprar, vai haver gente a vender,
 
 enquanto houver gente a vender, vai haver gente a comprar.
 
 O bicho já apanhou mais de metade dos consumidores,
 
 mas sabes bem que a fruta dos contentores dá moca e tira as dores
 
 faz voar sem sair do chão e afinal de contas quem é que não
 
 gosta da sensação da…
  
 
 -"Boa branca", "boa castanha", "Serenal", "Paxilfar",
 
 "amoníaco", "prata", "bombas", "já te disse para saíres do meio da
 
 rua e encostares à parede!",
 
 "Filha da puta do carocho só faz é merda"!!!
  
  
 
 [Chorus]
 
 (8x)
 
 Vai fechar a loja e o puto não comprou nada,
 
 Não comprou nada, Não comprou.