A caminho da clínica para ir buscar os resultados,
 
 vejo e revejo todos os passos errados
 
 não foram poucos, mas o remorso é uma coisa tão incrível
 
 as imagens organizam-se de uma forma acessível
 
 O telemóvel toca - é a minha namorada:
 
 "Tudo bem, o que é que fazes, puto?" Nada, baby, nada,
 
 telefono-te daqui a pouco, "o quê que tens? Parece que que tás rouco"
 
 Se ela soubesse do meu sufoco, quase que fico louco 
 
 Como é que a vou encarar se estiver positivo?
 
 quando a conheci estava bem negativo
 
 Se eu apanhei, ela apanhou de certeza absoluta
 
 como é que pude ser tão grande filho da puta?
 
 A minha mãe sempre me disse "Puto tem muito cuidado"
 
 e eu sempre me gabei de andar bem informado 
 
 Mas sempre dormi à brava, dei na fruta à brava 
 
 sempre vivi à brava mas não quero morrer à brava 
 
  
  Refrão:
 
 O remorso é uma coisa tão incrível 
 
 As imagens organizam-se de forma acessível
 
 O telemóvel toca, é a minha namorada 
 
 "Tudo bem? O que é que fazes, puto ?" Nada, baby, nada
  
 
 Alinho as caras de pessoas com quem mantive sexo
 
 ocasional ou não, quanto mais penso, mais fica complexo
 
 A lista não é extensa mas basta apenas uma vez
 
 penso na miída do "Kids" encerrada em lividez
 
 A sala de espera parece o corredor da morte
 
 pesado como o ar está, não há nada que o corte
 
 Lembro-me da conversa que tive com a minha médica 
 
 para ela não há problema, eternamente céptica 
 
 "A pior das hipóteses não é tão má assim,
 
 hoje em dia é diferente - acredita em mim"
 
 Acordo quando ouço o meu nome chamado em voz alta
 
 juro que é a última vez que hoje o medo me assalta
 
 A doutora traz um sorriso, o que não quer dizer nada
 
 mas quase que ejaculo quando vejo a folha imaculada 
 
 Tenho que festejar, hoje á noite é a doer 
 
 Não comprei camisas - O que é que se há-de fazer?
  
 
 Refrão