Dá-me um cigarro, 
 Dá-me lume, 
 Dá-me uma cerveja, 
 Já sabes o costume, 
 Dá-me uma mortalha, 
 Que eu enrolo isso, 
 Dá-me a pedra, 
 E deixa-te disso. 
    Dá-me uns trocos para beber um café, 
 Vá lá, já sabes que estou farto de estar em pé, 
 E não me olhes com essa cara atravessada, 
 Dá-me o telefone da tua namorada.   
 Porque, porque, porque? porque ela tem uma coisa para mim, 
 Quantas pedras de gelo queres no teu gin?   
 Dá-me a tua vida, dá-me qualquer uma, 
 Troco na boa, na boinha pelos meus ténis puma. 
 Dá-me um coração, o meu foi roubado, 
 A cabra que o levou nem sequer deixou recado.   
 Dá-me um pouco da tua classe 
 Quem sabe talvez resultasse, 
 Prometo que não a estrago, tasse?   
 Dá-me um bilhete, para o cinema, melhor, 
 Dá-me a cara de uma estrela de cinema 
 Um sorriso pepsodente de orelha a orelha 
 Fofinho e inocente tal e qual a uma ovelha   
 Dá-me a tua imbecilidade numa aspirina 
 E junta-lhes a tua integridade cabotina 
 Achas que cabe tudo na mesma terrina? 
 Sabia-me mesmo bem agora, uma gelatina   
 Dá-me um tiro se isso te faz sentir melhor 
 Dá-me um lenço, dá cá, eu limpo-te o suor 
 Não consegues atirar? bem me queria parecer isso 
 Dá cá essa merda, eu faço-te o serviço