Eu sou terra, eu sou mar
 
 Tu és ar
 
 Sou teu pecado, és meu fado
 
 És minha calma
 
 Sem querer faço sofrer
 
 A tua alma
 
 Sinto os dias a passar
 
 E tento sempre anuviar
 
 Esta dor de não estar
 
 Ao pé de ti	
 
 Diz-me então se vale a pena
 
 Continuar
 
 Lentamente a definhar
 
  
  Quando rimo, aproximo
 
 O coração da boca
 
 Ás vezes quase que me sufoca
 
 Porque todo o tempo do mundo
 
 Não chega para ir até ao fim do mundo
  
 
 Porque a razão do meu ser
 
 É amar-te…
 
 E saber que só a ti te posso ter
  
 
 Depois da noite
 
 Vem o dia
 
 Depois do sol
 
 A chuva fria depois de ti
 
 Vem o vazio
 
 Sentimento sombrio
 
 Amargo fel
 
 Á flor da pele
 
 O que eu quero
 
 Meu irmão
 
 É sair da escuridão
 
 E encontrar a solução
 
 E não viver um drama
 
 Quando é melhor
 
 A calma
 
 E assim quem diria
 
 Se faz a poesia
  
 
 Mas as palavras não conseguem dizer tudo
 
 Ás vezes fico simplesmente mudo
 
 Á espera da altura certa
 
 Sempre de alerta
  
 
 Porque a razão do meu ser
 
 É amar-te…
 
 E saber que só a ti te posso ter
  
 
 Recém-perdida nascida
 
 Sem placenta
 
 Eu sou fogo
 
 Tu a lenha que o alimenta
 
 O teu fôlego sabor a menta
 
 Que me enche e atormenta
 
 Não te ver ou tocar
 
 Embrutece os sentidos
 
 Há quanto tempo fecho a
 
 Alma e coração doridos
 
 Tic-tac o tempo passa
 
 Continua parado
 
 Má sorte nascer para viver
 
 Este fado
  
 
 Por vezes sinto que luto
 
 Apenas contra moinhos de vento
 
 Come se fosse D. Quixote
 
 Iludido sem alento
  
 
 Porque a razão do meu ser
 
 É amar-te…
 
 E saber que só a ti te posso ter