Toda a gente critica o telemóvel do vizinho
 
 Mas no fundo toda a gente queria ter um igualzinho
 
 Toda a gente grita: Todos diferentes todos iguais!
 
 Mas se calhar há uns quantos bacanos a mais
 
 Toda a gente quer ser solidária
 
 Mas na hora da verdade toda a gente desaparece da área
 
 Toda a gente quer ser muito moderna
 
 Mas a tacanhez essa há-de ser eterna
 
 Toda a gente quer fazer algo de original
 
 Acabando por copiar aquilo que acham original
 
 Toda a gente repara que acabo duas frases da mesma maneira
 
 (Se for esse o caso toda a gente caiu na ratoeira)
 
 Apenas quero confirmar se estou a receber a devida atenção
 
 Da parte de toda a gente que ouve essa canção
 
 Toda a gente precisa de parar e relaxar um bocado
 
 E eu, como toda a gente, já to estressado
 
  
  Pego no microfone e faço disso o meu talento
 
 Por fora, por dentro, mostrando o meu rebento
 
 Superficial, composto, directo e indirecto
 
 Tá-se cool e tá-se bem
 
 Entrega-te ao meu som é agora o que convém
  
 
 Toda a gente critica
 
 Toda a gente tem muita pica
 
 Mas é na mesa do café que toda a ação fica
 
 Não há dinheiro que pague este sonzinho
 
 Manda mas é vir mais um cafézinho
  
 
 Toda a gente até compra camisa
 
 Mas dessa treta ao fim ao cabo já ninguém precisa
 
 Toda a gente fala da situação em Timor
 
 Muitos para ganharem algo, e muito poucos por amor
 
 Há quem costume falar de revolução
 
 Mas a revolução não vai ser transmitida na televisão
 
 Ela tem que acontecer dentro de cada um
 
 Caso contrário nunca chegaremos a lugar algum
 
 Há quem queira resolver os problemas do mundo inteiro
 
 De uma só vez, confiante, tal e qual um bom escuteiro
 
 Mas enquanto se perseguem tão nobres ideais
 
 Esquecemo-nos de limpar os nossos quintais
 
 Tentamos combater todos os males da terra
 
 Quando afinal é na nossa casa que começa a guerra
 
 Toda a gente devia parar de falar olhar para dentro e agir
 
 Virgul- dá-lhe a seguir