Sonhei que era uma rosa 
 Feminil e delicada 
 Acordei viril 
 Musculosa e inadequada 
    Sonhei que era uma voz 
 A propor belas falas 
 Não a rudez que tolhe 
 Em prosa que não calha   
 No andar 
 No pensar 
 No amar 
 Um eterno mal-estar 
 Pra que fui o amor inventar?   
 Sou aquela que se entrosa 
 Com todos os meninos 
 Vigorosa e desprendida 
 Nas bandas da vida   
 Países não me explicam 
 Parentes não me abrigam 
 Poetas me perfuram 
 E palavras me penetram   
 No andar 
 No olhar 
 No tocar 
 Um eterno desejar 
 Pra que fui o amor revirar?   
 No feminino tímida 
 Do masculino íntima 
 Sou de improviso lúbrica 
 De propósito rústica