Crime
É o nome que se dá
E crise não exime
Quem comanda o time
Do que fez
Define os atos
Desses homens
Que com a fome
Oprime, num regime
De escassez
É unânime
Que se abomine
O fato de ter gente
Que não come toda vez
Que se ilumina o dia
Nada que tampe o rombo do dente
Nem atine a palidez
Eu sonho que o amanhã
Se volte para nós
E que de barriga cheia a gente brinque
Imagine o dia
Em que termine
Essa falta de sustança
Na comilança
Que viva todo ancião
E que viva toda criança
Na comilança
Imagine nesse dia
O tamanho da festança
Na comilança
Diga se esse sentimento
Não te enche o peito de esperança
Crueldade
É o nome que se dá
Pra tal calamidade
Que estica os dedos sobre nós
Define os atos e a
Irresponsabilidade
Com a sociedade
Esses algozes
Fazem pouco
De quem sofre
Quem não come
Faz o osso
Faz farelo de arroz
Virar comida em boa parte
Da cidade
Faz com que barriga
Engula nossa voz
Eu sonho que o amanhã
Se volte para nós
E que de barriga cheia a gente dance
Imagine o dia em que termine
Essa dor e essa matança
Na comilança
Que o alimento seja o centro
Seja dado em abundância
Na comilança
Imagine nessa dia o tamanho da bonança
Na comilança
E diga se esse sentimento
Não chama o seu peito
Para dança