Cantando o catavento cala o tempo
 
 Que incessantemente roda, gira sem perdão
 
 Gemendo o catavento chora ao vento
 
 Que inocentemente passa a vida em suas mãos
 
  
  Teus cabelos graúna, tentando o vôo
 
 Tremendo as asas e pairando
 
 Pairando sobre mim
 
 Teus olhos dois grandes lagos
 
 Serenos, serenos
 
 Onde bebo toda a tua sede e me embriago e me enveneno
  
 
 Tua boca papoula enfebrecida
 
 Molhada pelo sereno
 
 Vermelha, papoula viva
 
 Tuas mãos uma carícia do vento
 
 Arrepio, arrepio
 
 Sofreguidão
  
 
 Teu corpo, susto moreno
 
 Surpresa solta e sonidos
 
 Sonidos e medo da solidão