Ao longo da minha vida já vi de tudo.
 
 Tem gente que é sem vergonha levado a breca.
 
 Tem muié metida a macho e braço peludo.
 
 E homem que fala fino e vira a munheca.
 
 Já vi tanta coisa que hoje nada me assusta.
 
 Tem gente torcendo pro circo pegar fogo.
 
 Macaco velho não mete a mão em cumbuca.
 
 Ta tudo a vista tudo na cara.
 
 Cartas na mesa que eu tô no jogo.
 
  
  
  Eu sou um caminhoneiro e me orgulho.
 
 Não sou mais do que ninguém mais eu me garanto.
 
 O que tiver que fazer faço sem barulho.
 
 E se eu chorar eu mesmo seco o meu pranto.
 
 Não sou de fazer zoeira sou índio macho.
 
 Não é fácil pra me abotoar o paletó.
 
 Não é qualquer mulher pra me ascender o facho.
 
 Posso ser feio mais sou enjoado.
 
 E não tenho medo do caritó.
  
 
 Eu peço desculpas se eu falei demais.
 
 Desculpem esse meu jeito firme e durão.
 
 Não sou o melhor, mas nem o pior rapaz.
 
 Aqui dentro do meu peito bate um coração.
 
 Se acaso ofendi alguém não me leve a mal.
 
 A todos vocês um forte aperto de mão.
 
 Não sou muito doce mais nunca comi sal.
 
 Pra ajudar um amigo tiro a camisa.
 
 Sou motorista de caminhão.
  
 
       Edson Corrêa (Viajante)