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Face da Morte - Batendo Na Porta Do Céu
- 2
Face da Morte - A Vingança
- 3
Face da Morte - Televisão
- 4
Face da Morte - Mudar o Mundo
- 5
Face da Morte - Mundo Livre
- 6
Face da Morte - Coração de Mãe
- 7
Face da Morte - Tático Cinza
- 8
Face da Morte - Bomba H
- 9
Face da Morte - 48 Horas
- 10
Face da Morte - Brasil Sem Educação
- 11
Face da Morte - Feito no Brasil
- 12
Face da Morte - O Jogador Na Igreja
- 13
Face da Morte - Carruagem da Morte
- 14
Face da Morte - Minha Vida
- 15
Face da Morte - Caravana
- 16
Face da Morte - Jesus Cristo No Brasil
- 17
Face da Morte - Jesus de Cor
- 18
Face da Morte - Julgamento
- 19
Face da Morte - Ritmo e Poesia
- 20
Face da Morte - 1 Grama
- 21
Face da Morte - A Carta
- 22
Face da Morte - Anos de Chumbo
- 23
Face da Morte - Churrasco
- 24
Face da Morte - Eu Sou Lavrador
- 25
Face da Morte - O Crime do Raciocínio
- 26
Face da Morte - Oitavo Anjo
- 27
Face da Morte - A Caravana
- 28
Face da Morte - Aí, Ministro!
- 29
Face da Morte - BBB Versão Favela
- 30
Face da Morte - Caipira
- 31
Face da Morte - Caso de Assassinato
- 32
Face da Morte - Face da Morte Na Ativa
- 33
Face da Morte - Inveja
- 34
Face da Morte - Libertadores
- 35
Face da Morte - Mancada 2.000
- 36
Face da Morte - Mercadores da Fé
- 37
Face da Morte - Meu Respeito
- 38
Face da Morte - O Crime
- 39
Face da Morte - Quatro Manos
- 40
Face da Morte - A Cor Dos Anjos
- 41
Face da Morte - Ai Ministro
- 42
Face da Morte - Caipira
- 43
Face da Morte - Caravana
- 44
Face da Morte - Carruagem da Morte
- 45
Face da Morte - Churrasco
- 46
Face da Morte - Dinheiro
- 47
Face da Morte - Eu Sou Lavrador
- 48
Face da Morte - Fazendo Escola
- 49
Face da Morte - Intervalo
- 50
Face da Morte - Introdução
- 51
Face da Morte - Lado B da Farda
- 52
Face da Morte - Meu Respeito
- 53
Face da Morte - Minha Fala
- 54
Face da Morte - O Pesadelo Prossegue
- 55
Face da Morte - Peneira
- 56
Face da Morte - Periferia É Foda
- 57
Face da Morte - Perseguição
- 58
Face da Morte - Por Entre Os Anjos
- 59
Face da Morte - Positivo e Negativo
- 60
Face da Morte - Quadrilha de Morte
- 61
Face da Morte - Rap É o Som da Paz
- 62
Face da Morte - Um De Nóis
Quatro Manos
Face da Morte
Refúgio pra quem chega de outros estados;
Estão isolados do eixo Rio e São Paulo;
Quem olha de fora acha que ganha dinheiro;
Em qualquer lugar e á qualquer hora, não é bem assim;
Olhe pra mim, são palavras que batem forte no seu coração;
Principalmente se você se enquadra na questão;
Dezembro de 81 aconteceu a invasão;
Uma área vazia não tinha dono não,
Está constituída mais uma favela;
No ano seguinte apareceu o primeiro traficante,
Era o Celsinho sempre helegante;
Cordões de ouro, camisa de seda, uma beleza;
Pra molecada era o anjo da guarda, era o espelho;
E os quatros manos seguiam a isca, todos os seus conselhos;
Foram crescendo e a coisa foi mudando;
Primeiro fumando, segundo cheirando, terceiro injetando e quarto roubando;
É difícil pra mim contar isto assim;
Mas espero que sirva de exemplo pra quem está no caminho errado;
Ainda é tempo de voltar para o outro lado.
(2x) A história de quatro manos agora nós vamos contar;
A história de quatro manos agora nós vamos contar;
Quando criança só pensava em ser bandido.
É domingão que maravilha;
E a playboyzada rodando de carro no bairro vizinho;
Curtindo altas minas, mas na favela a história é diferente;
Não tem piscina, pelo contrário, tem um boteco á cada esquina;
É o cenário ideal pra mais uma chacina;
Dar um role na favela, pode crer, é diversão;
Para os otários fardados cinzas que estavam de plantão;
O camburão parou em frente ao bar;
Essa é a hora em que o filho chora e a mãe não vê;
Já foram logo enquadrando o Celsinho, é meu vizinho;
Gritou um dos manos, aí fulano, cala a boca senão vai junto;
Bem na ocasião, estava com o nariz em cima, não teve perdão;
Foi chamado pra cima, na presença de crianças;
Recém saídas do berço, o mais velho devia ter o que uns 13 anos;
O tal Celsinho foi levado de quebrada não muito longe;
Á uma quadra, ninguém saiu do bar e já ouviu os disparos;
Por calibres pesados foi derrubado, o tal Celsinho já era;
Naquele momento o juramento foi feito ali mesmo na porta do bar;
E os quatro manos resolveram cobrar a bronca do finado;
No chão esticado, tapa na cara, revólver na mão;
Pode crer que a coisa vai complicar;
Fulano que tiver de farda nenhum vai sobrar.
(2x) A história de quatro manos agora nós vamos contar;
A história de quatro manos agora nós vamos contar;
Quando criança só pensavam em ser bandidos.
Quatro mentes brilhantes pra nada interessantes;
Roubar e matar se tornou uma constante;
Trocar tiro com a polícia era coisa normal;
Infelizmente pra muita gente é difícil entender;
Mas tudo leva á crer que eu sou um pessimista de plantão;
Já deu pra perceber que a nossa história não vai ter final feliz;
Face da Morte e o rap é isso aí;
Falar a verdade somente a verdade e nada mais que a verdade;
No mundo do crime não, não, não existe piedade;
Á essa altura nossa fama já correu á cidade;
Por caridade e muita perícia;
Ameaça viva á quem tiver com a farda da polícia;
O camburão na favela já não entra mais;
Os calibres pesados agora do outro lado;
Metralhadora, armamento não falta, tem pra escolha;
E o patrimônio se estendeu, cresceu;
Será que isso tudo realmente valeu;
Agora estamos curtindo, nos divertindo;
E aquela vaga lembrança de alguns anos vividos;
Fulano que matou Celsinho até hoje está rindo.
(2x) A história de quatro manos agora nós vamos contar;
A história de quatro manos agora nós vamos contar;
Quando criança só pensavam em ser bandidos.
Talvez você nunca ouviu dizer;
Mas a polícia tem sua parte, tem seu dever;
E nesse dia eles vieram buscar;
Um vai na frente á paisana pra combinar, hora, lugar;
A reunião está marcada numa quebrada;
Marcada dá medo de olhar, dá medo até de lembrar;
Quando a polícia chegou já estavam por lá;
Um baseado cada um sossegado fumando tranqüilamente;
Esperando quando de repente um tipo estranho na frente;
Vem puxando o portão, então, vamos lá trocar uma idéia com esses ladrão;
Se não der nosso dinheiro então vai ficar pequeno;
O rosto era bem familiar não era desconhecido;
Pode crer ó, é esse aí o fulano é o pedido;
Agora eu quero ver quem é que vai morrer;
Não me conhece fulano eu sou um dos quatro manos;
Então, normal, só vim buscar meu dinheiro e tal, nada mais;
Nada mais o caralho não se faça de otário;
Não seja vacilão, bobeou, pá, pá vai pro chão;
Se liga, se liga, viaja só um pouquinho se lembra do Celsinho;
Aqui mesmo na favela ele foi derrubado e é você o autor do disparo;
Agora então é que é a idéia de rocha, não há tiros nas costas;
Sai andando, conto até 10, pode virar pra mim;
Quem sacar primeiro mano, no outro põe um fim;
Ele saiu andando e contou até quatro;
Quando tentou virar pá, pá um abraço;
Calibre doze no peito, um arregaço;
Sobre esses quatro manos temos muito á contar;
Face da Morte e a gente volta á falar