Se eu fosse aquele cara que se humilha no sinal 
    Contagiosa igual Covid, a depressão me inunda 
 Sobrevivemos nessa condição imunda 
 Doze milhões disputa a corrida dos ratos 
 O empate dos fortes é a derrota dos fracos 
 Recebem menos de três dólares por dia cada 
 Vendendo droga não, de carteira assinada 
 Quando descobrem que sua vida aqui não vale nada 
 É nesta hora que o pescoço conversa com a faca 
 Esses becos vão te deprimir 
 Essas fardas vão te oprimir 
 Toda falsa dopamina só vai prolongar o coma 
 Que o capitalismo quer te induzir 
 Autoestima é poder de compra 
 Pergunta quem tem dinheiro na conta 
 Vadia sai do carro, dá a chave, dá a bolsa 
 O que o estado não dá, a gente toma   
 Se eu fosse 
 Se eu fosse 
 Se eu fosse aquele cara que se humilha 
 Se eu fosse aquele cara que se humilha 
 De bar em bar 
 De esquina em esquina   
 Se eu fosse 
 Se eu fosse 
 Se eu fosse aquele cara que se humilha 
 Se eu fosse aquele cara que se humilha no sinal 
 Por menos de um real 
 Minha chance era pouca   
 Sonhei que eu era um traficante, outro dia 
 Cercado de pilantras e vadias 
 Armado sem remorso 
 Policiais de sócios, usando drogas 
 Com inimigos que eu nem mesmo conhecia 
 Alguém gritou a sopa, tive a sensação 
 Um tiro na barriga, eu caí no chão 
 Suado com meu barraco zoado 
 Acordado por um verme, era essa só outra operação 
 Cinema mudo, caralho, por que legendar isso? 
 Todos entendem o que eu digo, dois lados sem mesmo peso 
 A vergonha de um político é ser pego 
 A de um bandido é ser preso 
 Agora não fique surpreso 
 Quando a violência bater seu portão 
 Todos os meus manos, simplesmente, não se importam 
 Então vadia, dá a chave, dá a bolsa 
 A expropriação veio de touca   
 Se eu fosse 
 Se eu fosse 
 Se eu fosse aquele cara que se humilha 
 Se eu fosse aquele cara que se humilha 
 De bar em bar 
 De esquina em esquina   
 Se eu fosse 
 Se eu fosse 
 Se eu fosse aquele cara que se humilha 
 Se eu fosse aquele cara que se humilha no sinal 
 Por menos de um real 
 Minha chance era pouca