Puros como a cria que a mãe ainda nem lambeu 
 Vasculham na tarde silêncios e sons 
 Buscando a harmonia onde a perfeição se escondeu 
    Encilham acordes pra voz camperear com o verso 
 Abrindo porteiras pra ver no pasto 
 O coração manso, ruminando, disperso   
 Umbigos encantados, brilhantes, nutriram-lhes com três essências de um dom 
 Paridos em províncias distantes, cruzaram destino, filhos do som 
 Nas raízes da árvore grande, à frente das casas estavam 
 E das razões de ter dom, atônitos se perguntavam   
 Quando uma leveza discreta de nuvem, amorenou o dia 
 Guitarreiro, cantador, poeta, desafiava uma inspiração tardia 
 Dali percebiam apenas um cantar de calhandra, um potro em furor 
 E o vento mesclando serenas nuanças de rio, com aroma de flor   
 Quisera Deus, semear a beleza do campo na alma do homem 
 Pra ver florescer a virtude com a simplicidade que a arte resume 
 Clarividência ao poeta, herdara do vento, o profeta de cada estação 
 Indomáveis patas disparam violentas no alambrado, o braço do violão 
 E a voz de quem canta com plumas na alma é, por vezes, sussurro, por outras, trovão