A minha cidade é uma prisão
 
 Onde trancaram a arte e jogaram a chave fora
 
 Aqui sofre o original
 
 E como eu luto pelo meu amigo autoral
 
 Sou compositor que não fala de farol, das dunas, nem do Carnatal
 
 Pra mim me importa o social, que é a matéria prima da arte
 
 Queriam que eu gravasse o boi-tungão, só pra eu ser regional
 
 Que eu não podia fazer rock porque nasci em Natal,
 
 Mas me desculpe meu senhor a minha arte é cosmopolita
 
 Eu canto aqui, eu canto ali e o universo do acolá
 
 Mas é assim que o artista tem que ser
 
 Ter um pouco do mundo em seu corpo, nesse mundo do pouco
 
 Dos que escolhem a arte pra sobreviver
 
  
  Isso é mal! Quem pensa assim não para em Natal
 
 Isso é mal! Acho que sou um pária em Natal
  
 
 Seja no balé ou no teatro, na dança ou na pintura
 
 Na terra do elefante necessita rupturas nessas formas de cultura
 
 Tratam o artista como um lixo
 
 Pagando míseros cachês que mal dão pro pão
 
 Aí meu irmão, o aplauso é triste
 
 Se você chega e diz que quer arte pra beber
 
 Crie vergonha e pague o meu cachê!