Morava um fazendeiro à beira de uma praia
A harpa soava doce e fina
Duas filhas belas ele tinha
A mais velha disse à mais nova então
A harpa soava doce e fina
Vamos descer até o rio, irmã, vem com a mão
A mais nova ia à frente, como o sol a brilhar
A mais velha vinha atrás, como serpente a rastejar
A mais nova sentou-se sobre uma pedra
A mais velha empurrou, sem demora nem demora
Ela estendeu sua mão tão branca
E gritou: Irmã, me ajuda, me alcança!
Se eu não te ajudar, disse ela então
Seu amado será meu, sem perdão
Havia dois pastores naquela praia
E viram o corpo levado pela maré que desmaia
Tomaram de seu corpo um osso
E com ele fizeram uma harpa, de tom tão fosco
Tomaram duas mechas de seu cabelo dourado
E com elas deram à harpa um som encantado
Ao casamento da irmã, a harpa foi levada
E sobre uma mesa, com cuidado, foi pousada
Já era tarde naquela noite sombria
E a harpa sozinha começou a tocar, como se fosse magia
Quando a primeira corda ecoou
Ela contou o crime que a noiva cometeu
Quando a segunda corda soou
A noiva, petrificada, parou, nada falou
E quando a terceira corda retiniu
A irmã malvada ao chão caiu e morreu ali