Objetos No Espaço

Ontem sozinho eu espalhei tudo no tapete
Livros, coisas de cozinha, objetos com finalidade específica ou nenhuma
Os alinhei em grade, soltos no chão
Fora de contexto e, em seguida, imaginei
Primeiro toda a imagem, então tudo individualmente
Cantarolando no ritmo mais morto que se possa imaginar
Um objeto em seguida outro e, em seguida, o próximo
E me perguntei o que eles significavam ali
Se eles ainda significavam algo

Notas encontradas
Suprimentos de acampamento
Um livro que você comprou no deserto
"Identificando flores silvestres"
Fotos de férias
De festas
Presentes cafonas que compramos de paradas de descanso
Naquela viagem por estrada para o oeste
Objetos
Tudo em si
E então a memória

Tudo isso espalhado por ali
Da sala de jantar
A sala de estar
O corredor e o porão e a cozinha
Daquele quarto que chamamos de escritório
Mas nunca usamos
Até mesmo o banheiro
Tudo espalhado lá no chão sobre o tapete, fora de contexto

E eu me sentei lá por horas

Hoje eu movi tudo do chão para a mesa na sala de jantar
Coloquei cuidadosamente cada coisa - sem motivo, ou pelo menos sem um que eu entendesse ou pudesse descrever
Ali sobre a mesa juntos e quando terminei e dei um passo para trás, eu percebi o que eu tinha feito
Lembranças, imagens, cartas, objetos comuns, tudo junto ali

Um memorial

E eu pensei que de algumas em rodovias ou definidas por lápides
Todas as coisas que você vê ali mas não entende, mas ainda trazem de volta uma lembrança vividamente
Elas invocam a realidade de alguém quando ficam ali juntas naquele lugar, daquele jeito, fora de contexto
E eu sabia que tinha que retirar tudo antes que alguém visse
Amanhã eu pretendo colocá-las todos em algum lugar
Aquelas coisas
Em caixas
Ao lado da estrada
Talvez no sótão
Todos esses objetos que me empurram e me puxam através da História
Para lugares em que estive uma vez, lugares que eu poderia ter ido, lugares que eu acabei indo

Cartões postais
Canhotos de bilhetes de uma coisa ou outra
Uma caneca de café personalizada, nem o seu nome nem o meu
Cartões telefônicos e telefones antigos
Uma página de um velho calendário que eu comprei uma vez em um brechó e insisti em pendurar
Aqueles ciclos da lua impressos
Fotos
Minhas botas velhas

Os coloquei em caixas

E eu me sentei lá por horas
Primeiro na sala de estar
Em seguida, na sala de jantar
Movendo coisas
Pegando coisas e vendo onde elas me levavam
Para que lugar na História
Que momento em nossa linha do tempo
Onde estávamos, onde eu estava, onde eu pensei que iríamos acabar
Nesta casa ou na estrada
Dirigindo para algum lugar perto do Natal
No deserto ou em qualquer outro lugar

E as coloquei em caixas