No dia 14 de maio, eu saí por aí
 
 Não tinha trabalho, nem casa, nem pra onde ir
 
 Levando a senzala na alma, eu subi a favela
 
 Pensando em um dia descer, mas eu nunca desci
 
  
  Zanzei zonzo em todas as zonas da grande agonia
 
 Um dia com fome, no outro sem o que comer
 
 Sem nome, sem identidade, sem fotografia
 
 O mundo me olhava, mas ninguém queria me ver
  
 
 No dia 14 de maio, ninguém me deu bola
 
 Eu tive que ser bom de bola pra sobreviver
 
 Nenhuma lição, não havia lugar na escola
 
 Pensaram que poderiam me fazer perder
  
 
 Mas minha alma resiste, meu corpo é de luta
 
 Eu sei o que é bom, e o que é bom também deve ser meu
 
 A coisa mais certa tem que ser a coisa mais justa
 
 Eu sou o que sou, pois agora eu sei quem sou eu
  
 
 Será que deu pra entender a mensagem?
 
 Se ligue no Ilê Aiyê
 
 Se ligue no Ilê Aiyê
 
 Agora que você me vê
  
 
 Repare como é belo
 
 Êh, nosso povo lindo
 
 Repare que é o maior prazer
 
 Bom pra mim, bom pra você
 
 Estou de olho aberto
 
 Olha moço, fique esperto
 
 Que eu não sou menino