Tinha o pecado calado 
 
 no fundo 
 
 do corpo que um dia foi seu. 
 
 Ás vezes pensava 
 
 em promessas juradas 
 
 por homens que nem conheceu. 
 
  
  Todos os sonhos 
 
 que tinha guardados 
 
 no canto do seu coração. 
 
 Deitou-os ao mar 
 
 e olhou-se nos lagos 
 
 que a chuva fazia no chão. 
  
 
 Pode ser 
 
 que um dia vá 
 
 tropeçar no amor 
 
 e cair de pé 
 
 em frente do Sol. 
 
 Empurrar as nuvens 
 
 e abraçar os ventos que a façam voar. 
  
 
 Quando saía para a rua 
 
 sentia 
 
 que os pés só pisavam vazio. 
 
 E a Alma insistia 
 
 em esconder-se no escuro 
 
 de um quarto que nunca existiu. 
  
 
 Pelas paredes 
 
 pintadas de céu 
 
 pregava retratos sem cor. 
 
 Memórias ausentes 
 
 de olhares indigentes 
 
 suspensos por fios de dor. 
  
 
 Sem procurar um fim 
 
 por onde começar 
 
 vai-se agarrando aos poucos risos 
 
 que a vida lhe dá.