1. 1

    Tribalistas - Velha Infância

  2. 2

    Ana Vilela - Trem-Bala

  3. 3

    Tribalistas - Aliança

  4. 4

    Marisa Monte - Ainda Bem

  5. 5

    ANAVITÓRIA - Lisboa (part. Lenine)

  6. 6

    Beto Guedes - Sol de Primavera

  7. 7

    Toquinho - Aquarela

  8. 8

    Chico Buarque - A Banda

  9. 9

    Gilberto Gil - Palco

  10. 10

    Seu Jorge - Mina do Condomínio

  11. 11

    Djavan - Oceano

  12. 12

    Gonzaguinha - O Que É o Que É?

  13. 13

    Chico Buarque - Construção

  14. 14

    Zé Ramalho - Sinônimos

  15. 15

    Gilberto Gil - Drão

  16. 16

    Marisa Monte - Amor I Love You / Citação: Trecho Da Obra Intitulada "Primo Basilio" (part. Arnaldo Antunes)

  17. 17

    Caetano Veloso - Você Não Me Ensinou a Te Esquecer

  18. 18

    Nelson Gonçalves - Naquela Mesa

  19. 19

    Seu Jorge - Burguesinha

  20. 20

    Marisa Monte - Depois

  21. 21

    Caetano Veloso - Sozinho

  22. 22

    Zé Ramalho - Chão de Giz

  23. 23

    Fagner - Oração de São Francisco

  24. 24

    Chico Buarque - João e Maria (part. Nara Leão)

  25. 25

    Chico Buarque - Cálice (part. Milton Nascimento)

  26. 26

    Fagner - Espumas Ao Vento

  27. 27

    João Luiz - Salmo 91

  28. 28

    Vanessa da Mata - Ainda Bem

  29. 29

    Zé Ramalho - Admirável Gado Novo

  30. 30

    Tribalistas - É Você

  31. 31

    Djavan - Um Amor Puro

  32. 32

    Djavan - Eu Te Devoro

  33. 33

    Chico Buarque - Apesar de Você

  34. 34

    Gilberto Gil - Aquele Abraço

  35. 35

    Elis Regina - Como Nossos Pais

  36. 36

    Djavan - Se...

  37. 37

    Elis Regina - O bêbado e a equilibrista

  38. 38

    Djavan - Sina

  39. 39

    Geraldo Vandré - Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores

  40. 40

    Milton Nascimento - Canção da América

  41. 41

    Nelsinho Corrêa - Sacramento da Comunhão (part. Ana Lúcia)

  42. 42

    Tiê - A Noite

  43. 43

    Gilberto Gil - Tempo Rei

  44. 44

    Gilberto Gil - Andar Com Fé

  45. 45

    Marcelo Jeneci - Felicidade

  46. 46

    Ney Matogrosso - Poema

  47. 47

    Fagner - Borbulhas de Amor

  48. 48

    Maria Bethânia - Carta de Amor

  49. 49

    Ney Matogrosso - Rosa de Hiroshima

  50. 50

    Caetano Veloso - Sorte (part. Gal Costa)

Carta de Amor

Maria Bethânia

Eu tenho Zumbi, Besouro
O chefe dos Tupis
Sou Tupinambá
Eu tenho os erês, caboclo, boiadeiro
Mãos de cura, morubixabas, cocares, zarabatanas
Curares, flechas e altares
A velocidade da luz, o escuro da mata escura
O breu, o silêncio, a espera

Eu tenho Jesus, Maria e José
E todos os pajés em minha companhia
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos
O poeta me contou

Não mexe comigo
Que eu não ando só
Eu não ando só
Eu não ando só
Não mexe, não

Não misturo, não me dobro
A Rainha do Mar anda de mãos dadas comigo
E me ensina o baile das ondas
E canta, canta, canta, canta pra mim
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que cobre o meu corpo
Garante meu sangue e minha garganta
O veneno do mal não acha passagem
Em meu coração, Maria acende a sua luz
E me aponta o caminho

Me sumo no vento
Cavalgo no raio de Iansã
Giro o mundo, viro, reviro
Tô no Recôncavo, tô em Fez
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma
Traço o Cruzeiro do Sul
Com a tocha da fogueira de João Menino
Rezo com as Três Marias
Vou além
Me recolho no esplendor das nebulosas
Descanso nos vales, montanhas
Durmo na forja de Ogum
Mergulho no calor da lava dos vulcões
Corpo vivo de Xangô

Não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva

Eu não ando no breu, nem ando na treva
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva

Medo não me alcança
No deserto me acho
Faço cobra morder o rabo
Escorpião virar pirilampo
Meus pés recebem bálsamos
Unguentos suaves das mãos de Maria
Irmã de Marta e Lázaro
No oásis de Bethânia

Pensou que eu ando só?
Atente ao tempo
Não começa, não termina, é nunca, é sempre
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o Rei equilibra
Fulmina o injusto
E deixa nua a justiça

Eu não provo do teu fel
Não piso no teu chão
E pra onde você for, não leva o meu nome, não
E pra onde você for, não leva o meu nome, não

Eu não provo do teu fel
Eu não piso no teu chão
E pra onde você for, não leva o meu nome, não
E pra onde você for, não leva meu nome, não

Onde vai, valente?
Você secou
Seus olhos insones secaram
Não veem brotar a relva
Que cresce livre e verde, longe da tua cegueira
Teus ouvidos se fecharam a todo som, qualquer música
Nem o bem, nem o mal pensam em ti
Ninguém te escolhe
Você pisa na terra, mas não a sente, apenas pisa
Apenas vaga sobre o planeta
E já nem ouve as teclas do teu piano
Você tá tão mirrado que nem o diabo te ambiciona
Não tem alma
Você é o oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo

O que é teu já tá guardado
Não sou eu que vou lhe dar
Não sou eu que vou lhe dar
Não sou eu que vou lhe dar

O que é teu já tá guardado
Não sou eu que vou lhe dar
Não sou eu que vou lhe dar
Não sou eu

Eu posso engolir você
Só pra cuspir depois
Minha fome é matéria que você não alcança
Desde o leite do peito de minha mãe
Até o sem fim dos versos, versos, versos
Que brotam do poeta em toda poesia sob a luz da Lua
Que deita na palma da inspiração de Caymmi

Quando choro, se choro
É pra regar o capim que alimenta a vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Se desejo
O meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Eu ando de cara pro vento, na chuva, e quero me molhar

O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam meu peito
Sou como a haste fina
Qualquer brisa verga
Nenhuma espada corta

Não mexe comigo
Eu não ando só
Eu não ando só
Eu não ando só
Não mexe, não

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