O inquisidor pergunta ao preso 
 Se ele quer sair ileso 
 E lhe empurra um acordo 
 Que endurece os seus dez dedos 
 E assim de forma acuada 
 O réu assina a delação premiada 
 Que aplaudida ou vaiada 
 Quebra o fecho e vaza 
 O baú dos segredos 
    Tudo que se fala é posto como verdade 
 Nunca se prendeu tanto, em tão pouco tempo 
 Em uma mesma cidade 
 Os suspeitos, dedados, vem agora de todo o país 
 Para no Paraná serem encarcerados 
 Eu vejo isso da altura de um monte Evereste 
 Sentado em cima do Moro 
 Na Suíte Bourbon  1407   
 Um novo round começa , todo dia tem mais 
 Notícias tramam na rede e inflamam jornais 
 O povo quer ver o que estar a acontecer 
 Como pode esse tremendo pagode no mais alto poder?   
 Será que a justiça acordou ou será que a justiça justiçou? 
 Eu não consigo ler, perdi os óculos que vem com a TV! 
 Mas tudo está movimentado, pessoas torcendo 
 Querendo apenas aquilo que preste 
 Eu vejo uma mesquita que parece uma maquete 
 Sentado  em cima do Moro 
 Na Suíte Bourbon 1407   
 A defesa do caso vem com a voz do Machado 
 Que invoca a constituição 
 Inquire o inquisidor, na igualdade de valor 
 Pra que se faça ampla a discussão! 
 Mas a coisa anda ao vento 
 Com sopros de nomes entregues pelo preço do medo 
 Uns dizem que é certo, outros dizem que é vesgo 
 Todos querem saber aonde acaba o fio desse novelo   
 Se a justiça é vendida ou se compra a quem quer se vender 
 No mundo há muita cobiça, eu sinto e ouço dizer 
 Vejo crianças correndo no pátio da creche 
 E um cartaz exigindo: privatizem a Odebrecht! 
 O povo anda doido, embrulhado em manchetes 
 E eu trocando de roupa onde o Diabo se veste 
 Aqui em cima do Moro 
 Na Suíte Bourbon 1407