Vou deitar na grama
 
 e esperar a chuva
 
 nessa madrugada.
 
  
  Vou rolar na cama,
 
 e sentindo a chuva,
 
 me sentir calada.
  
 
 Vou tocar meu rosto
 
 espalhando a chuva
 
 pelos meu cabelo.
  
 
 Vou sentir o gosto
 
 das gotas de chuva,
 
 gosto do que é belo.
  
 
 E entrego o meu toque mais frio,
 
 e entrego meu cheiro de cio,
 
 e entrego a surpresa de ser
 
 quando eu quiser.
 
 E entrego pra chuva meu dom
 
 de ser mulher.
  
 
 Vou sair à caça
 
 debaixo da chuva
 
 quase indiferente.
  
 
 Vou rir da desgraça
 
 de ver que a chuva
 
 me fez transparente.
  
 
 Vou dar gargalhadas.
 
 bêbada de chuva,
 
 rodando, rodando.
  
 
 Vou voltar molhada,
 
 suada de chuva
 
 e ninguém me esperando.