Mata o silêncio dos mates, a cordeona voz trocada 
 E a mão campeira do negro, passeando aveludada 
 Nos botões chora segredos, que ele juntou pela estrada 
    Quando o negro abre essa gaita 
 Abre o livro da sua vida 
 Marcado de poeira e pampa 
 Em cada nota sentida   
 Quando o pai que foi gaiteiro, desta vida se ausentou 
 O negro piá solitário, tal como pedra rolou 
 E se fez homem proseando, com a gaita que o pai deixou   
 Quando o negro abre essa gaita 
 Abre o livro da sua vida 
 Marcado de poeira e pampa 
 Em cada nota sentida   
 E a gaita se fez baú para causos e canções 
 Do negro que passa a vida, mastigando solidões 
 E vai semeando recuerdos, por estradas e galpões   
 Quando o negro abre essa gaita 
 Abre o livro da sua vida 
 Marcado de poeira e pampa 
 Em cada nota sentida