Imperfeito

Rayssa Andreoli

Era uma vez
Eu dentro de casa, cansada do mesmo
E aconteceu

Bem dessa vez
Eu quis sair
Tudo lá fora atraía com brilho
E eu fugi

Depois dos portões sonhei
Do mundo eu era rei
Podia escrever algo novo
Usando somente minhas mãos

Os sonhos que almejei
As coisas que desejei
O que toquei, alcancei, possuí, me entreguei à ilusão
Mas sei que eu

Que eu me perdi
Tentando me encontrar (hm!)
Foi tão profundo que o poço mais fundo não tem mais lugar pra ti!

Eu percebi (un - hum)
Nada ganhei (eu sei)
Os que amei, eu perdi, eu soltei
Eu deixei para trás

Mas se eu tentar? (Se tentar)
Se eu voltar? (Se voltar)
Será que ainda há lugar?
Eu posso retomar minha direção?

Depois dos portões eu vi
O erro que cometi
O que conquistei
Posso ver escorrendo por entre minhas mãos

Os muros em construção
Pra mim eram proteção
Busquei liberdade, encontrei o perigo
Hoje eu sou solidão
Hoje eu sou solidão

Voltarei para casa, essa é a solução
Vou andar, vou correr em sua direção
Eu cansei da odisseia movida à
Soberba presunção

Num instante, eu avisto o pai se aproximar
Já não sei se há perdão, mas preciso tentar
Eu me lanço aos seus pés, e começo a clamar

Nem sei como vou falar
Não sei se vais me aceitar
Pai, eu me humilho, me torno teu servo
Me deixa voltar?

Foi quando ele me alcançou
Correndo me abraçou
Eu já era outro, mas seu amor não mudou

Me disse que perdoou
Há muito me esperou
Se fez meu abrigo e a todos, disse o pai

Meu filho voltou!

Eu não sei quão distante ou perdido estás, mas sei
Que ele está a te esperar
Eu sei que mesmo que faltem forças e longe sentir
O pai de amor te encontra
Vida nova, enfim

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