O que eles querem é nós ver derrotados
Desunidos, devastados
Confundidos, conformados
Destruídos e calados, é
Eles nos querem desinteressados
Distraídos, desgastados
Oprimidos, ocupados
Desprovidos, esses desgraçados
Jardim romano, 2014
O baile é na rua do C-E-U
O melhor beck que tinha
Era verde do Barbarel
Morador do último bairro, o lazer sempre foi simples
Uma berma da ciclone, um cap da Quiksilver
Eu vi também surgir o passinho que depois viralizou
O passinho do Romano, me diz quem não já dançou?
Magrão da Vila Itaim, Deus o tenha em um bom lugar
O que me resta são memórias e histórias pra contar
Umas fita daora, outras nem muito legal
Tipo os coxa tacando bomba de feito moral
Mo deselegante, mano
Gambé arrogante, mano
Dispersou o baile, mano
Com gás lacrimejante, mano
Quer acabar com os funk, varando a madrugada
Manda mais opção de lazer para as quebradas
Porque rave você não invade
Playboy você não oprime
Mais a cultura periférica
É vista como um crime
Hipocrisia da burguesia perece brincadeira
Esqueceram quer também já proibiram a capoeira
Por que isso é som de preto, som de favelado
Quando toca a PM atira e diz que foi pisoteado
Domingo comum foi 9 jovens no Paraisópolis
Sangue dos nossos banhando o chão da grande metrópole
Na televisão manipulação mudando a história
Guaianases sente saudades eternas da Vitória
Deixando bem claro que o braço do estado é ativo e presente
Quando o assunto é vir humilhar e matar a gente
Abordagem de rotina, procedimento padrão
Desde quando que é rotina a humilhação?
Crime como arte, arte como crime
Dinheiro lavado volta limpo da Berrini
Que foi desviado da verba do povo
Pra esse deputado comprar outro sítio novo
Se o produto vem de avião ou barco
Quem é o inocente, quem é o culpado?
A corda estoura pro lado mais fraco
E o meu inimigo anda engravatado
O crime é fruto do estado, não é culpa do funk
Ninguém pode ser julgado por falar a verdade
Vocês criticam a nossa arte, mas não tenta antes
Sentir pelo menos um pouco da realidade
O que eles querem é nós ver derrotados
Desunidos, devastados
Confundidos, conformados
Destruídos e calados, é
Eles nos querem desinteressados
Distraídos, desgastados
Oprimidos, ocupados
Desprovidos, esses desgraçados
Essa é a intenção do estado, fecham os olhos pra milícia
Assassinam favelado, negligenciam a justiça
Incentivam nosso ódio com situações propícias
Sempre atacam primeiro, eu não confio na polícia
Já que não posso ser livre
Então deixa escrachado pra geral qual que é o regime
Explica o porque tudo que é nosso vira crime
Quem foi que deu esse poder
Pra eles matar e nóis morrer, pra depois playboy fazer filme
Decide, entre vocês aí quem é o culpado
Quem mata é a polícia, mas quem manda é o estado
A lei caça os artistas como se fossem o errado
E a política preocupada em te fazer escolher um lado
A mídia satiriza como se não fosse parte
De um país fodido sem noção da realidade
Metade do país, se pá bem mais do que a metade
Até tá revoltado mas parecemos covardes
Eles criminalizam a arte e idolatram ladrões como se fossem artistas
Nos perseguem como se fôssemos os culpados de sermos vítimas da estatística
Fechando os olhos para o crime organizado que é chamado de política