Lábios secos que ao sol congelado estão expostos
Pois lágrimas transbordando, com brilho gotejante, vão me riscando
Como se fosse compensar as insuficiências, procurava você
Nos dedos unidos, nossas misérias contagiosas, vão se acumulando
No fundo do coração, os desejos empilhados, se são chamados de "Destino"
As memórias que sobraram e o seu já esquecido
Rosto, mesmo agora, permanecerão abandonados
Suspiros acabados e olhares trêmulos vão se agitando
E a faísca do choque entre olhos e alma desgastada envolve os dois
Se pelo menos nunca tivessemos nos encontrado, nunca teria existido dor?
Ao invés da dor de asas bagunçadas, com roupas humildes gentilmente dormiremos
Por não haver retorno, não haver volta pro lar, a vida se esgota
Aquela pessoa distante e este braço cheio de nada
O seu calor é desejado
Colecionando tristezas por todos estarem diferentes, parece que desejam o amanhã
Mas as lágrimas sujas que você fixa, essa força, acaba comigo
Sem conseguir usar a voz, a profecia erguida, vence a lei
As memórias que sobraram e o seu já esquecido rosto
Neste peito famigerado, mesmo agora, permanecerá esquecido