Deitado numa rede, o sol caindo
Já às duas da tarde não entendo nada
Atendo outra chamada, não quero parecer
Que me derrubam e já faz tempo que
Penso em dar menos peso às minhas culpas
Depois procurar um sentido e superar um pouco
Entre perder a cabeça, mas quem se importa?
Irei com o vento em um dia de chuva
Que já chega
As palavras agora têm o peso de uma folha
No meio de uma tempestade
Estarei numa praia
A observar enquanto o mundo desaba
Não quero mais ficar aqui não, não
Ficar só com meus manos sim
Até que me apaguem
Minha cabeça, onde estará agora?
Talvez já tenha tocado o fundo
Cansei da minha cidade
Irei com o pôr do sol
Essa erva me faz bem
Não sinto mais as correntes
É como catarse e
O alcatrão corre dentro das minhas veias
Que depois
A luz me refresca os dias
E não ligo mais para o passar dos segundos
O rosa cobre o céu doando sabores
E volto a ver o mundo com cores
E me parece estar acima da atmosfera
Falta o ar, mas dispenso
Durará pouco, mas valeu a pena
Ao menos posso dizer que vivi plenamente
Apago este cigarro
Que a vida vai depressa
Meu tórax sempre queima
Que aliás, meu pai nem gosta
Queria me dar melhor
Não me esperar eternamente
Que sabe que não volto
Hoje parto com o pôr do sol
Não quero mais ficar aqui não, não
Ficar só com meus manos sim
Até que me apaguem
Minha cabeça, onde estará agora?
Talvez já tenha tocado o fundo
Cansei da minha cidade
Irei com o pôr do sol
Meus olhos fitam um futuro um pouco incerto
Fixos a observar todo o universo
Nunca guardei nada na gaveta
Mas por enquanto ainda me divirto
Todos percorrem a mesma estrada
Eu vago sozinho como num deserto
Todos dizem onde você quer que ele vá
Quem disse que é errado o que é diferente
Eu caio, eu caio
Como o sol quando chega a noite
Não notarão que desapareci
Mas sabe, posso te dizer que não me importa
Viverei esta vida como mil infartos
Soltando o corpo dos ganchos
Você pensa que se machuca desde o princípio
Mas descobrirá só quando se lançar
E fora sempre há crise
E dentro estamos sempre cinzas
Vivemos dias tediosos
E aguardamos os períodos de verão
Estou afogando há alguns anos
Precisaria de um salva-vidas
Bem, penso nisso amanhã
Afinal, o sol sempre nasce
Não quero mais ficar aqui não, não
Ficar só com meus manos sim
Até que me apaguem
Minha cabeça, onde estará agora?
Talvez já tenha tocado o fundo
Cansei da minha cidade
Irei com o pôr do sol
Não quero mais ficar aqui não, não
Ficar só com meus manos sim
Até que me apaguem
Minha cabeça, onde estará agora?
Talvez já tenha tocado o fundo
Cansei da minha cidade
Irei com o pôr do sol