São seis horas, pulo fora
 
 Escovo os dentes
 
 Tomo quente um café com bolacha
 
 Abro a porta e o sol entra em meus olhos 
 
 Como uma faca afiada
 
 Eu tô na rua, nas esquinas
 
 Na perdida que é essa vida
 
 Em mais um dia de cão
 
 Se é zona norte, zona sul
 
 Leste ou oste é a mesma barra
 
 A mesma pressão
 
 E o cara ali, com um papelote 
 
 Há mas de uma semana afim de mim
 
 Lúcifer
 
 Minha salvação
 
 Meu amigo até que eu chegue ao fim
 
 A me dizer que a vida é doce
 
 O gosto é doce
 
 O pó é doce
 
 E é necessária outra visão
 
 Que dividir, que duvidar
 
 É coisa de quem bem quer se dar
 
 O último que rir
 
 Não vai ter de chorar
 
 Quem é que é feliz
 
 No paraíso da cidade?
 
 O último a sair
 
 A luz vai apagar...
 
 Quem é que é feliz
 
 No paraíso da cidade?
 
 Pode vir, pode vir, pode vir
 
 Todo mundo, todo mundo vai ter sua vez
 
 Aquela dali, aquele dali perto do telefone Tá esperando aparecer um freguês
 
 Alguém trombou, alguém correu
 
 Alguém trombou, alguém pediu socorro
 
 Alguém se feriu...
 
 E eu disse:
 
 Senhoras e senhores!
 
 Onde vão os dedos
 
 Vão para sempre os anéis...
 
 Mas deixa estar, mas deixa estar...
 
 Meu amor, meu romance!
 
 Um dia, quem sabe, a abelha muda de flor
 
 E por milagre a gente tem uma chance!
 
 Que basta um, apenas um
 
 Um pra dizer que conseguiu se safar...
 
 Que um dia eu vou também!
 
 Que um dia eu vou também!
 
 Que um dia eu vou, vou
 
 Vou, vou, vou, vou pegar esse trem!
 
 Moleque surfando em cima dos trilhos
 
 Deixando o vento 
 
 Meus cabelos levar...
 
 Feito um peixe, feito ave, 
 
 Feito um louco, feito Senna
 
 Antes da última curva encontrar
 
 Pois é, assim que a gente é
 
 Que a gente faz, que a gente quer
 
 Que a gente vai ter aquilo que quis
 
 Meu Deus! Tenha pena!
 
 Tenha pena de mim!!!