1. 1

    Wilson Aragão - Capim-Guiné

  2. 2

    Wilson Aragão - Matuto no fitibó

  3. 3

    Wilson Aragão - Guerra de Facão

  4. 4

    Wilson Aragão - Sertões E Sertões

  5. 5

    Wilson Aragão - Jardelino Satanás

  6. 6

    Wilson Aragão - Meu Beija Flor

  7. 7

    Wilson Aragão - Mosaicos

  8. 8

    Wilson Aragão - Tanajura

  9. 9

    Wilson Aragão - Vou-me embora pra Tapiramutá

  10. 10

    Wilson Aragão - Conversa de Passageiro

  11. 11

    Wilson Aragão - Beira-mar

  12. 12

    Wilson Aragão - Caminheiro

  13. 13

    Wilson Aragão - Canção do mês de abril

  14. 14

    Wilson Aragão - Clara

  15. 15

    Wilson Aragão - O sertão Chora

  16. 16

    Wilson Aragão - Sou Todinho Você

  17. 17

    Wilson Aragão - Uma Canção para os meus cantadores

  18. 18

    Wilson Aragão - A Festa Vai Começar

  19. 19

    Wilson Aragão - Brincando de Adolescer

  20. 20

    Wilson Aragão - Deja

  21. 21

    Wilson Aragão - Girassol

  22. 22

    Wilson Aragão - Istalô, istalô

  23. 23

    Wilson Aragão - O Filósofo e o Jegue

  24. 24

    Wilson Aragão - Pássaro Cativo

  25. 25

    Wilson Aragão - Seu Prefeito

  26. 26

    Wilson Aragão - Um Novo Caminho

  27. 27

    Wilson Aragão - Diverticulite

  28. 28

    Wilson Aragão - Para Pompéia

  29. 29

    Wilson Aragão - Ressuscitando o Amor

  30. 30

    Wilson Aragão - Rio Jacuípe

  31. 31

    Wilson Aragão - Solidão

  32. 32

    Wilson Aragão - Tem Festa Em Mundo Novo

  33. 33

    Wilson Aragão - Tempo Novo, Vida Nova

O sertão Chora

Wilson Aragão

A seca que abate a gente
tira a comida da mesa
o sertanejo (nordestino) humilhado,
não esconde sua tristeza:
finca a enxada no chão
e, naquele poeirão,
sobe um mundo de incerteza.
O sertanejo resiste,
forte como um pau-pereira
clamoroso é ao que se assiste
nesta nação brasileira,
onde uns têm tudo farto,
mulheres morrem de parto
nos braços de uma parteira.
Na seca a politicagem
dos coronéis faz parada
homens aqui são tratados
como se fossem boiada.
Triste sertão de "caboclo",
onde um voto vale pouco,
onde a vida vale nada.
Passa a seca vem a chuva
nada de melhorar,
porque o governo nega
semente pra semear,
e o latifundiário,
pra aumentar o calvário
nega terra pra plantar.
Desrespeita-se a velhice
abandona-se a infância
as escolas desmoronam
por injúria ou traficância,
do saber poucos se apossam
e as criancinhas engrossam
o Exército da ignorância.
Terra que produz de tudo
- do feijão ao babaçu -
teu povo é escravizado
no açoite do couro cru;
come restos de ração,
bebe a lama do porão,
não tem roupa - anda nu.

Semblantes desfigurados,
corpos esqueléticos nus,
enquanto nutrem a esperança
num milagre de Jesus,
disputam pelas estradas
brutos já mortos, ossadas,
com bandos de urubus.

Asfora falou um dia
dos seios sem leite, murchos
das veias brancas, sem sangue,
que nem algodão - capuchos -,
enquanto reina a alarvia
da elite que um dia
terá de perder os luxos

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