1. 1

    Ary Toledo - O Rico e o Pobre

  2. 2

    Ary Toledo - Linda Meu Bem

  3. 3

    Ary Toledo - Poema do Cu

  4. 4

    Ary Toledo - A Moda Do Zé

  5. 5

    Ary Toledo - Vendedor de bucetas

  6. 6

    Ary Toledo - Mataram Meu Carneiro

  7. 7

    Ary Toledo - Rosinha

  8. 8

    Ary Toledo - Melô do Pinto

  9. 9

    Ary Toledo - Comedor de Gilete (Pau-de-arara)

  10. 10

    Ary Toledo - Dona Maroca

  11. 11

    Ary Toledo - Modinha da Sebastiana

  12. 12

    Ary Toledo - O Anúncio

  13. 13

    Ary Toledo - Modinha da Bastiana

  14. 14

    Ary Toledo - Pau De Arara

  15. 15

    Ary Toledo - Romance de Dona Juliana

  16. 16

    Ary Toledo - Cantiga do Ceguinho

  17. 17

    Ary Toledo - A moda do Zé

  18. 18

    Ary Toledo - A Filha do Coló

  19. 19

    Ary Toledo - Florisbela

  20. 20

    Ary Toledo - O Sofrimento do Justino

  21. 21

    Ary Toledo - O Vendedor de Bucetas

  22. 22

    Ary Toledo - Raimunda

  23. 23

    Ary Toledo - A Educação Sexual no Ano 2000

  24. 24

    Ary Toledo - A Gordura e o Sexo

  25. 25

    Ary Toledo - A Vida da Margarida

  26. 26

    Ary Toledo - As Sacanagens do Brasileiro

  27. 27

    Ary Toledo - Canção do Hímen Artificial

  28. 28

    Ary Toledo - De Matheus À Imbraim

  29. 29

    Ary Toledo - O Beco Estreito

  30. 30

    Ary Toledo - Oração Das Virgens

  31. 31

    Ary Toledo - Os Ovos da Galinha (Aribu)

  32. 32

    Ary Toledo - Vira, Maria

Comedor de Gilete (Pau-de-arara)

Ary Toledo

Eu um dia cansado que tava da fome que eu tinha
Eu não tinha nada que fome que eu tinha
Que seca danada no meu ceará
Eu peguei e juntei um restinho
De coisas que eu tinha
Duas calça velha e uma violinha
E num pau-de-arara toquei para cá
E de noite eu ficava na praia de copacabana
Zanzando na praia de copacabana
Cantando o xaxado pras moças olhar
Virgem santa! Que a fome era tanta
Que nem voz eu tinha
Meu Deus quanta moça, que fome que eu tinha
Zanzando na praia pra lá e pra cá

Foi aí então que eu arresolvi a comer gilete
Tinha um cumpadre meu lá de quixeramubim
Que ganhou um dinheirão comendo gilete na praia de copacabana
Eu não sei não, mas eu acho que ele comeu tanta, mas tanta
Que quando eu cheguei lá aquela gente toda
Já estava até com indigestão de tanto ver o cabra comer gilete
Uma vez eu disse assim prum moço que vinha passando
Ô decente, vosmecê não deixa eu comer uma giletezinha pra vosmecê ver?
Tu não te manca não, ô pau-de-arara?
Só uma, que eu ainda não comi nadinha hoje
Você enche, ein?
Aquilo me deixou tão aperreado
Que se não fosse o amor que eu tinha na minha violinha
Eu tinha rebentado ela na cabeça daquele filho de uma égua!

Puxa vida, não tinha uma vida pior do que a minha
Que vida danada que fome que eu tinha
Mais fome que eu tinha no meu ceará
Quando eu via toda aquela gente num come-que-come
Eu juro que tinha saudade da fome
Da fome que eu tinha no meu ceará
E aí eu pegava e cantava e dançava o xaxado
E só conseguia porque no xaxado
A gente só pode mesmo se arrastar
Virgem santa! A fome era tanta que mais parecia
Que mesmo xaxando meu corpo subia
Igual se tivesse querendo voar

Às vezes a fome era tanta que volta e meia
A gente arrumava uma briguinha pra ver se pegava a bóia lá do xadrez
Êta quentinho bom no estômago!
Com perdão da palavra, a gente devolvia tudo depois
Que a bóia já vinha estragada
Mas enquanto ela ficava quietinha lá dentro, que felicidade!
Não, mas agora as coisas tão melhorando
Tem uma dona lá no lebron que gosta muito de ver é eu comer caco de vrídrio
Com isso eu já juntei uns quinhentos merréis
Quando juntar um pouco mais, vou-me embora, volto pro meu ceará!

Vou voltar para o meu ceará
Porque lá tenho nome
Aqui não sou nada, sou só zé-com-fome
Sou só pau-de-arara, nem sei mais cantar
Vou picar minha mula
Vou antes que tudo rebente
Porque tô achando que o tempo tá quente
Pior do que anda não pode ficar!

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