Sabia que meu irmão estava sumido
Depois de pedir uma grana forte ao meu Pai
Meteu o pé deixando o velho triste a beça
Cheguei em casa e ouvi uma cantoria
Cheiro da gordurinha de picanha de novilho
Festa rolando um som
Jamais pensei que o velho fosse fazer
Um churrasco para o vacilão do meu irmão
Meu pai ficava na janela esperando ele voltar
Mas nunca ia imaginar que a festa fosse pra ele
Difícil entender o velho
Pois o moleque chegou sem nada
E nem uma dura tomou
Pelo contrario, vejo que está de roupa nova
Sandálias e o anel que simboliza ele como filho
Já tinha desconsiderado ele como irmão
Por matado nosso Pai vivo quando pediu antecipadamente a herança
Mas na verdade ele suicidou-se de sua parentela em atitude
Não obstante o Velho era esperançoso por sua volta e aconteceu
Não conseguia ficar ali, o cheiro do churrasco me enjoava
E a minha ótica somente o via como uma afronta
Nunca havia matado um cabrito pra comer com meus amigos
E o esbanjador ganhava festa
Não conseguia me alegrar com meu velho
Nem dançar, nem comer, o que incomodou meu Pai
Então ele veio a meu encontro do mesmo jeito que
Me contaram os criados teria feito com o meu irmão e disse
Teu irmão estava morto e voltou a viver!
Em tese o irmão com mais idade seria o mais maduro
Eu deveria ser e não estava sendo
Minha imaturidade me cegou
E não deixou perceber que festa poderia ser minha
Que poderia estar existencialmente morto sem ter ido embora
Que não havia pedido a minha herança
Mas como quem já tinha dividido tudo
Não participava da festa que celebrava o todo de tudo
Disse me Pai: O que é meu é teu
Assim somos nós, não entramos na festa
Por subjugar os corações arrependidos e os motivos de celebração
Que venhamos voltar para o Pai
Seja como pródigos ou como irmãos mais velhos
Que participemos do churrasco apetitoso do novilho gordo
Sem nos preocuparmos com o cabrito duro da celebração presunçosa
A festa é nossa
