1. 1

    Samuel Úria - Carga de Ombro

  2. 2

    Samuel Úria - Vem Por Mim

  3. 3

    Samuel Úria - É Preciso Que Eu Diminua

  4. 4

    Samuel Úria - Espalha Brasas

  5. 5

    Samuel Úria - Aeromoço

  6. 6

    Samuel Úria - Dou-me Corda

  7. 7

    Samuel Úria - Essa Voz

  8. 8

    Samuel Úria - Estrondo Mudo

  9. 9

    Samuel Úria - Repressão

  10. 10

    Samuel Úria - Armelim de Jesus

  11. 11

    Samuel Úria - Ei-Lo

  12. 12

    Samuel Úria - Lenço Enxuto

  13. 13

    Samuel Úria - Teimoso

  14. 14

    Samuel Úria - Vem de Novo

  15. 15

    Samuel Úria - Cabo do Medo

  16. 16

    Samuel Úria - Cedo

  17. 17

    Samuel Úria - Em Caso de Fogo

  18. 18

    Samuel Úria - Eu Seguro

  19. 19

    Samuel Úria - Fica Aquém

  20. 20

    Samuel Úria - Forasteiro

  21. 21

    Samuel Úria - Graça Comum

  22. 22

    Samuel Úria - Império

  23. 23

    Samuel Úria - Não Arrastes o Meu Caixão

  24. 24

    Samuel Úria - Ócios de Ofício

  25. 25

    Samuel Úria - Palavra-Impasse

  26. 26

    Samuel Úria - Pequeno Mundo

  27. 27

    Samuel Úria - Tapete

  28. 28

    Samuel Úria - Triunvirato

  29. 29

    Samuel Úria - Vital e Sua Moto

  30. 30

    Samuel Úria - Estêvão

  31. 31

    Samuel Úria - Ferrugem

  32. 32

    Samuel Úria - Fusão

  33. 33

    Samuel Úria - Má Poesia Feia

  34. 34

    Samuel Úria - Mãos

Eu Seguro

Samuel Úria

Quando o tempo for remendo
Cada passo, um poço fundo
E esta cama em que dormimos
For muralha em que acordamos
Eu seguro

E o meu braço estende a mão que embala o muro
Quando o espanto for de medo
O esperado for do mundo
E não for domado o espinho
Da carne que partilhamos
Eu seguro
O sustento é forte quando o intento é puro

Quando o tempo for remindo
Cada poço eu for tapando
E esta pedra em que dormimos
Já for rocha em que assentamos
Eu seguro
Deixo às pedras esse coração tão duro
Quando o medo for saindo
E do mundo eu for sarando
Dessa herança eu faço o manto
Em que ambos cicatrizamos
E seguro
Não receio o velho agravo que suturo

Abraços rotos, lassos
Por onde escapam nossos votos
Abraso os ramos secos
Afago, a fogo, os embaraços
E seguro
Alastro essa chama a cada canto escuro

Quando o tempo for recobro
Cada passo abraço forte
E o voto que concordámos
É o amor em que acordamos
Eu seguro
Finco os dedos e este fruto está maduro
Quando o espanto for em dobro
O esperado mais que a morte
Quando o espinho já sarámos
No corpo que partilhamos
Eu seguro
O que então nascer não será prematuro

Uníssonos no sono
O mesmo turno e o mesmo dono
Um leito e nenhum trono
Mesmo que brote o desabono
Eu seguro
Que o presente é uma semente do futuro

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