A Caixa-Forte

Aurelio Fierro

Estou procurando por uma caixa-forte
E adivinhem para fazer o quê?
Não possuo títulos
Não vivo de renda
Não tenho nem um fato para vestir
Mas da caixa eu preciso
Por força a devo ter!

Aí devo colocar todas as cartas
Que me escreveu a minha Rosinha
Um retrato formato visita
Da falecida tia Sofia
Um cacho de cabelos
Um corno de coral
E o bico do papagaio
Que nós perdemos no vinte e três

São lembranças que na caixa-forte
Somente aí dentro, podem ser guardadas
Quando me privam
Do companático
Eu engulho quieto, sem reclamar
Eu sei, a vida é trágica
Mas a caixa-forte, eu a devo ter!

Aí devo colocar todas as cartas
Que me escreveu a minha Rosinha
O coto de uma vela
Preso no castiçal
Uma boneca de Miccio
Uma lente dentro do estojo
E um rabo de cavalinho
Que me lembra a melhor idade!

Estou procurando por uma caixa-forte
Mas pra qual vendedor vou pedir?
Certas relíquias
Certas preciosidades
Se ficarem fora, podem desaparecer
São Casimiro mártir
Esta caixa, faz com que venha!

Aí devo colocar todas as cartas
Que me escreveu a minha Rosinha
Uma cartela de doze Reais
Expedida pela agencia
Uma asa de um balde
Um caco de um espelho
Uma casca de queijo velho
E um fraque liso de cor caqui

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