1. 1

    Azagaia - Cães de Raça (part. Guto)

  2. 2

    Azagaia - As Mentiras da Verdade

  3. 3

    Azagaia - Maçonaria (part. Guto e Banda Likute)

  4. 4

    Azagaia - A Marcha

  5. 5

    Azagaia - Minha Geração

  6. 6

    Azagaia - ABC do Preconceito

  7. 7

    Azagaia - Calaste

  8. 8

    Azagaia - Povo No Poder

  9. 9

    Azagaia - A Emboscada (part. Namaacha Special Choir)

  10. 10

    Azagaia - Declaração de Paz (Vampiros)

  11. 11

    Azagaia - Alternativos (part. Valete)

  12. 12

    Azagaia - Liricismo do Vândalo

  13. 13

    Azagaia - No Ano da Fome (part. Macaia)

  14. 14

    Azagaia - Vendem o País (part. Helena Rosa & TJ)

  15. 15

    Azagaia - Combatentes da Fortuna

  16. 16

    Azagaia - MIR Música de Intervenção Rápida

  17. 17

    Azagaia - Ai de Nós (part. Amen Hill, Amélia Charlton e Dalton Simão Clemente)

  18. 18

    Azagaia - Minha Mesa

  19. 19

    Azagaia - Sétimo Dia

  20. 20

    Azagaia - As Mentiras

  21. 21

    Azagaia - Eu Não Paro

  22. 22

    Azagaia - Países do Medo (feat. MCK & Valete)

  23. 23

    Azagaia - Subir Na Vida (part. Kennedy Ribeiro)

  24. 24

    Azagaia - Testemunhas

  25. 25

    Azagaia - Soldados da Paz

  26. 26

    Azagaia - Revolução já

  27. 27

    Azagaia - Homem Bomba

  28. 28

    Azagaia - O Ciclo da Censura

  29. 29

    Azagaia - Chat TV Maria Joana

  30. 30

    Azagaia - Wa Gaia (part. Stewart Sukuma)

  31. 31

    Azagaia - Sequestrei o Presidente

  32. 32

    Azagaia - Confissão (part. Lena Baule)

  33. 33

    Azagaia - Ni ta Ku Fonela (Telefonar)

  34. 34

    Azagaia - Filhos da...

  35. 35

    Azagaia - Começa em Ti

  36. 36

    Azagaia - Carne de Canhão (part. Hélio Bentes)

  37. 37

    Azagaia - Só Dever

  38. 38

    Azagaia - Bichas da Sobrevivência (part. Flash Enncy)

  39. 39

    Azagaia - Obrigado Pai Natal

  40. 40

    Azagaia - Começou a guerra

  41. 41

    Azagaia - Hospitaleiros

  42. 42

    Azagaia - Miss e Mister Moçambique

  43. 43

    Azagaia - Jihad lírico

  44. 44

    Azagaia - O País É Nosso

  45. 45

    Azagaia - Marcha

No Ano da Fome (part. Macaia)

Azagaia

[Azagaia]
Tudo começou com pedaços de unhas que venderam
Quando descobriram que era a cura para as doenças que aprenderam
Então cortaram unhas e depois resolveram
Caçar unhas nos cadáveres que se desintegram

Depois alguém disse que o cabelo também é remédio
Misturado com as unhas faz o pénis ficar um prédio
Muitos ficaram carecas p’ra crescer esse negócio
Até comprava-se réguas p’ra oferecer a cada sócio

A seguir descobriram a utilidade do suor
Então alguém suava p’ra o outro ganhar melhor
Vendia-se em colherinhas esse líquido com sal
Misturado com saliva cuspida e cheirava mal

Saliva, já ninguém cuspia de borla
Cada litro produzido, valia um Dólar
Esse era chamado o negócio da liquidez
A saliva de cada dia era paga ao fim do mês

Dizem que ninguém sabia ao certo o que era certo
Mas o negócio rendia quando a fome chegava perto
Tudo se vendia a centímetro ou a metro
Naquele ano cada vida era um objecto

[Macaia]
Tu tens a chance de ser a minoria
E conseguir mostrar que o amanhã
Que o amanhã pode ser usado por cada um de nós
Para provar que a esperança não morre

[Azagaia]
Das raças misturadas surgiam novas raças
Então a fome batia a porta de novas casas
Essa fome era maldita e chegava de repente
E foi aí que descobriram que se podia vender gente
Às vezes por inteiro, outras vezes em bocados
Muitas vezes por dinheiro, outras vezes por um cargo
Novo de chefia numa empresa da capital
E assim decepava-se outra cabeça nacional

As autoridades perderam autoridade sobre esse crime
Deixou de ser crime, virou fraqueza do regime
Uns dormiam gradeados com medo de perder um braço
O mercado especulativo pagava bem por um pedaço

E p’ra matar a fome há quem matava uma pessoa
Quantos perderam a vida p’ra os outros ganharem vida boa?!
Naquele ano já nem se pensava em matar animais
As pessoas pesavam-se em Dólares ou Meticais

E digo mais... Surgiram os canibais
Com a fome daquele ano, filhos comeram pais
Quando a barriga rói, há sempre um atalho

Toda gente já sabia o que se vendia no talho
Sem trabalho, sem perspectiva de vida
No ano da fome, nenhum beco tinha saída
Matava-se por comida, e todos eram comida
Todos mentiam, mas a verdade era sabida

[Macaia]
Tu tens a chance de ser a minoria
E conseguir mostrar que o amanhã
Que o amanhã pode ser usado por cada um de nós
Para provar que a esperança não morre

[Azagaia]
Havia fome, mas era necessário haver lei
É que no meio dos escravos há sempre quem quer ser rei
Foi aí que se decidiu que não podiam morrer todos
Todos eram valiosos mas valiam mais os outros

Então foi decretado, só se matava os diferentes
Estrangeiros, aleijados, mendigos e indigentes
Raças misturadas com cores irreverentes
Os compradores analisavam os olhos e os dentes

A febre era total, coitados dos albinos
Eles foram perseguidos e vendidos como caprinos
Muitos clamaram a Deus pelos seus destinos
Com medo que a fome viesse buscar os seus filhos

Pandemónio
Cada Homem era um demónio
Ninguém podia confiar no seu próprio neurónio
Quanto mais no do vizinho
Houve quem viveu sozinho
Houve quem morreu com todos
Embriagado pelo vinho

Mas depois daquele ano tudo ficou mais estranho
Todos ficaram diferentes na cor e no tamanho
A mistura era completa, todos podiam ser mortos
E foi aí que todos temeram apontar os outros

[Macaia]
Tu tens a chance de ser a minoria
E conseguir mostrar que o amanhã
Que o amanhã pode ser usado por cada um de nós
Para provar que a esperança não morre

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