1. 1

    Bochincho - Bochincho

  2. 2

    Bochincho - Sou Todo Teu, Enfim

  3. 3

    Bochincho - Tá Querendo Eu Dou

  4. 4

    Bochincho - A Atirada da Vizinha

  5. 5

    Bochincho - Beijar tua boca

  6. 6

    Bochincho - Eu Vou Pagar Pra Ver

  7. 7

    Bochincho - Playboyzinho

  8. 8

    Bochincho - Se Metendo No Entrevero

  9. 9

    Bochincho - A distância

  10. 10

    Bochincho - A Onda do Momento

  11. 11

    Bochincho - A Saidera

  12. 12

    Bochincho - Amor de Motel

  13. 13

    Bochincho - Aprenda Coração

  14. 14

    Bochincho - Aumenta o Som

  15. 15

    Bochincho - Baixinho do Bailão

  16. 16

    Bochincho - Beber, Beber, Beber, Beber

  17. 17

    Bochincho - Cara de pau

  18. 18

    Bochincho - Desejo de Amar

  19. 19

    Bochincho - Despertando Pra Amar

  20. 20

    Bochincho - Destinos cruzados

  21. 21

    Bochincho - Esculacho

  22. 22

    Bochincho - Fama de Pegador

  23. 23

    Bochincho - Fazer Valer

  24. 24

    Bochincho - Fio Desencapado

  25. 25

    Bochincho - Governado

  26. 26

    Bochincho - Ilusão

  27. 27

    Bochincho - Labirinto

  28. 28

    Bochincho - Luz do Caminho

  29. 29

    Bochincho - Me Apaixonei

  30. 30

    Bochincho - Mexe Minha Neguinha

  31. 31

    Bochincho - Na Boquinha do Veinho

  32. 32

    Bochincho - Não Vivo Sem Você

  33. 33

    Bochincho - Nem Que Doa

  34. 34

    Bochincho - No Limite

  35. 35

    Bochincho - Nossa História De Amor

  36. 36

    Bochincho - Pense de uma vez

  37. 37

    Bochincho - Pode Chegar

  38. 38

    Bochincho - Pula aí

  39. 39

    Bochincho - Que é Amor

  40. 40

    Bochincho - Quero Ser Teu Par

  41. 41

    Bochincho - Quero Te Bicar

  42. 42

    Bochincho - Razão Pra Se Amar

  43. 43

    Bochincho - Razão pra te amar

  44. 44

    Bochincho - Rei Coração

  45. 45

    Bochincho - Sou o Cara

  46. 46

    Bochincho - Tá Doidona

  47. 47

    Bochincho - Ta Liberado

  48. 48

    Bochincho - Tá Na Cara

  49. 49

    Bochincho - Tchaca tchaca

  50. 50

    Bochincho - Te quero pra valer

  51. 51

    Bochincho - Tem Que da o Lado

  52. 52

    Bochincho - Tia Laurinha

  53. 53

    Bochincho - Tô Sem Cep

  54. 54

    Bochincho - Tratamento VIP

  55. 55

    Bochincho - Universo

  56. 56

    Bochincho - Vai dizer

  57. 57

    Bochincho - Vai Ser Hoje

  58. 58

    Bochincho - Vai Ter Que Me Amar

  59. 59

    Bochincho - Vamos zuar

  60. 60

    Bochincho - Vira e mexe

  61. 61

    Bochincho - Você Vai Me Adorar

  62. 62

    Bochincho - Volte Por Favor

Bochincho

Bochincho

A um bochincho (certa feita)
Fui chegando (de curioso)
Que o vicio (é que nem sarnoso)
nunca pára (nem se ajeita)
Baile de gente direita
Vi, de pronto, que não era,
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quireral.

Atei meu zaino (longito)
Num galho de guamirim,
Desde guri fui assim,
Não brinco nem facilito.
Em bruxas não acredito
"Pero - que las, las hay",
Sou da costa do Uruguai,
Meu velho pago querido
E por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai.

No rancho de santa-fé,
De pau-a-pique barreado,
Num trancão de convidado
Me entreverei no banzé.
Chinaredo à bola-pé,
No ambiente fumacento,
Um candieiro, bem no centro,
Num lusco-fusco de aurora,
Pra quem chegava de fora
Pouco enxergava ali dentro!

Dei de mão numa tiangaça
Que me cruzou no costado
E já sai entreverado
Entre a poeira e a fumaça,
Oigalé china lindaça,
Morena de toda a crina,
Dessas da venta brasina,
Com cheiro de lechiguana
Que quando ergue uma pestana
Até a noite se ilumina.

Misto de diaba e de santa,
Com ares de quem é dona
E um gosto de temporona
Que traz água na garganta.
Eu me grudei na percanta
O mesmo que um carrapato
E o gaiteiro era um mulato
Que até dormindo tocava
E a gaita choramingava
Como namoro de gato!

A gaita velha gemia,
Ás vezes quase parava,
De repente se acordava
E num vanerão se perdia
E eu (contra a pele macia)
Daquele corpo moreno,
Sentia o mundo pequeno,
Bombeando cheio de enlevo
Dois olhos - flores de trevo
Com respingos de sereno!

Mas o que é bom se termina
Cumpriu-se o velho ditado,
Eu que dançava, embalado,
Nos braços doces da china
Escutei (de relancina)
Uma espécie de relincho,
Era o dono do bochincho,
Meio oitavado num canto,
Que me olhava (com espanto)
Mais sério do que um capincho!

E foi ele que se veio,
Pois era dele a pinguancha,
Bufando e abrindo cancha
Como dono de rodeio.
Quis me partir pelo meio
Num talonaço de adaga
Que - se me pega - me estraga,
Chegou levantar um cisco,
Mas não é a toa (chomisco!)
Que sou de São Luiz Gonzaga!

Meio na volta do braço
Consegui tirar o talho
E quase que me atrapalho
Porque havia pouco espaço,
Mas senti o calor do aço
E o calor do aço arde,
Me levantei (sem alarde)
Por causa do desaforo
E soltei meu marca touro
Num medonho buenas-tarde!

Tenho visto coisa feia,
Tenho visto judiaria,
Mas ainda hoje me arrepia
Lembrar aquela peleia,
Talvez quem ouça (não creia)
Mas vi brotar no pescoço,
Do índio do berro grosso
Como uma cinta vermelha
E desde o beiço até a orelha
Ficou relampeando o osso!

O índio era um índio touro,
Mas até touro se ajoelha,
Cortado do beiço a orelha
Amontoou-se como um couro
E aquilo foi um estouro,
Daqueles que dava medo,
Espantou-se o chinaredo
E amigos (foi uma zoada)
Parecia até uma eguada
Disparando num varzedo!

Não há quem pinte o retrato
Dum bochincho (quando estoura)
Tinidos de adaga (espora)
E gritos de desacato.
Berros de quarenta e quatro
De cada canto da sala
E a velha gaita baguala
Num vanerão pacholento,
Fazendo acompanhamento
Do turumbamba de bala!

É china que se escabela,
Redemoinhando na porta
E chiru da guampa torta
Que vem direito à janela,
Gritando (de toda guela)
Num berreiro alucinante,
Índio que não se garante,
Vendo sangue (se apavora)
E se manda (campo fora)
Levando tudo por diante!

Sou crente na divindade,
Morro quando Deus quiser,
Mas amigos (se eu disser)
Até periga a verdade,
Naquela barbaridade,
De chínaredo fugindo,
De grito e bala zunindo,
O gaiteiro (alheio a tudo)
Tocava um xote clinudo,
Já quase meio dormindo!

E a coisa ia indo assim,
Balanceei a situação,
Já quase sem munição,
Todos atirando em mim.
Qual ia ser o meu fim,
Me dei conta (de repente)
Não vou ficar pra semente,
Mas gosto de andar no mundo,
Me esperavam na do fundo,
Saí na Porta da frente...

E dali ganhei o mato,
Abaixo de tiroteio
E inda escutava o floreio
Da cordeona do mulato
E, pra encurtar o relato,
Me bandeei pra o outro lado,
Cruzei o Uruguai, a nado,
Que o meu zaino era um capincho
E a história desse bochincho
Faz parte do meu passado!

E a china (essa pergunta me é feita)
A cada vez que declamo
É uma coisa que reclamo
Porque não acho direita
Considero uma desfeita
Que compreender não consigo,
Eu, no medonho perigo
Duma situação brasina
Todos perguntam da china
E ninguém se importa comigo!

E a china (eu nunca mais vi)
No meu gauderiar andejo,
Somente em sonhos a vejo
Em bárbaro frenesi.
Talvez ande (por aí)
No rodeio das alçadas,
Ou (talvez) nas madrugadas,
Seja uma estrela chirua
Dessas (que se banha nua)
No espelho das aguadas

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