1. 1

    Daúde - Quatro Meninas

  2. 2

    Daúde - Vida Sertaneja

  3. 3

    Daúde - Quase

  4. 4

    Daúde - Inteira Pra Mim

  5. 5

    Daúde - Pata Pata

  6. 6

    Daúde - Chove Chuva

  7. 7

    Daúde - Hoje Eu Quero Sair Só

  8. 8

    Daúde - Alá-Lá-Ô

  9. 9

    Daúde - As Baratas

  10. 10

    Daúde - Canto de Ossanha

  11. 11

    Daúde - Casa Caiada

  12. 12

    Daúde - Há

  13. 13

    Daúde - Marinheiro Só

  14. 14

    Daúde - Muito Quente

  15. 15

    Daúde - Objeto Não Identificado

  16. 16

    Daúde - Romena

  17. 17

    Daúde - Sarambá

  18. 18

    Daúde - Uma Neguinha

  19. 19

    Daúde - Une Chanson Triste

  20. 20

    Daúde - Vamos Fugir

  21. 21

    Daúde - A Boca Sujou

  22. 22

    Daúde - Afro Olodum Multimídia

  23. 23

    Daúde - Anna (Baião de Ana)

  24. 24

    Daúde - Barco Negro

  25. 25

    Daúde - Boca

  26. 26

    Daúde - Cala a Boca Menino

  27. 27

    Daúde - Criola

  28. 28

    Daúde - Don Blás (com Skank)

  29. 29

    Daúde - É Foi Mamãe Que Me Disse

  30. 30

    Daúde - Lavanda

  31. 31

    Daúde - Minhas Razões

  32. 32

    Daúde - Não Identificado

  33. 33

    Daúde - O Pensador

  34. 34

    Daúde - Que Bandeira (Part. Marcos Valle)

  35. 35

    Daúde - Sem Dizer Adeus

  36. 36

    Daúde - Sim Ou Não

  37. 37

    Daúde - Sozinhos de Novo

  38. 38

    Daúde - Transação de Malandro

  39. 39

    Daúde - Vê Vavá

  40. 40

    Daúde - Vênus

  41. 41

    Daúde - Véu Vavá

Vida Sertaneja

Daúde

Sou matuto sertanejo,
Daquele matuto pobre
Que não tem gado nem queijo
Nem oro, prata, nem cobre
Sou sertanejo rocêro,
Eu trabalho o dia intero,
Que seja inverno ou verão
Minhas mão é calejada,
Minha péia é bronzeada
Da quintura do sertão

Por força da natureza,
Sou poeta nordestino,
Porém só canto a pobreza
Do meu mundo pequenino
Eu não sei cantá as gulora,
Também não canto as vitora
Dos herói com seus brazão,
Nem o má com suas água...
Só sei cantá minhas mágua
E as mágua de meus irmão

Canto a vida desta gente
Que trabaia inté morrê
Sirrindo, alegre e contente,
Sem dá fé do padece,
Desta gente sem leitura,
Que, mesmo na desventura,
Se sente alegre e feliz,
Sem nada sabê na terra,
Sem sabê se existe guerra
De país contra país

Cabôco que não cúbica
Riqueza nem posição
E nem aceita a maliça
Morá no seu coração
Cabôco que, nesta vida,
Além da sua comida,
O que mais estima e qué,
É a paz, a honra e o brio,
O carinho de seus fio,
E a bondade da muié

E assim, na sua paleja,
Com a famia que tem,
Não inveja nem deseja
O gozo de ninguém
Mas, por infelicidade
Contra seu gosto e vontade,
Munta vez, o pobre vê
A muié morrê de parto,
Gemendo dentro de um quarto,
Sem ninguém lhe socorrê

Morre aquela criatura,
Depois, a pobre coitada,
No rumo da sepultura,
Vai numa rede imbruida
Um adjunto de gente
Uns atrás, ôtros na frente
Num apressado rojão,
Quando um sorta, o ôtro pega:
É assim que se carrega
Morto pobre, no sertão
Fica, o viúvo, coitado!
De arma triste e dilurida,
Para sempre separado
Do mió de sua vida,
Mas, porém, não percebeu
Que a sua muié morreu,
Só por fartá um dotô
E, como nada conhece,
Diz, rezando a sua prece:
Foi Deus que ditirminou!

Pensando assim desta forma,
Resignado, padece;
Paciente, se conforma
Com as coisa que acontece
Coitado! Ignora tudo,
Pois ele não tem estudo,
Também não tem assistença
E por nada conhecê
Em tudo o camponês vê
O dedo da providença

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