1. 1

    Jessier Quirino - Paisagem de Interior

  2. 2

    Jessier Quirino - Bolero de Isabel

  3. 3

    Jessier Quirino - Agruras da Lata D'água

  4. 4

    Jessier Quirino - Vou-me Embora pro Passado

  5. 5

    Jessier Quirino - Matuto Doente Das Partes

  6. 6

    Jessier Quirino - Parafuso de cabo de serrote

  7. 7

    Jessier Quirino - Maria Pano de Chão

  8. 8

    Jessier Quirino - A Morrença Dos Meus Cumpade

  9. 9

    Jessier Quirino - Coisas Pra Se Dizer Benzó-Deus

  10. 10

    Jessier Quirino - Comicio em Beco Estreito

  11. 11

    Jessier Quirino - Linda não, aquelas tuia

  12. 12

    Jessier Quirino - Acontecença Matuta

  13. 13

    Jessier Quirino - Pobrema Cardíuco

  14. 14

    Jessier Quirino - Quatro Ave-Maria Bem Cheia de Graça

  15. 15

    Jessier Quirino - Rasga Rabo Bagunçador de Bagunça

  16. 16

    Jessier Quirino - A Morte do Matador

  17. 17

    Jessier Quirino - A Triste Partida

  18. 18

    Jessier Quirino - O Bolo Mau e os Tres Corpinhos

  19. 19

    Jessier Quirino - Politicagem - Tire seu político do caminho - De domingo agora a oito

  20. 20

    Jessier Quirino - Um Sonhador Imaginando

  21. 21

    Jessier Quirino - Virgulino Lampião, Deputado Federá

  22. 22

    Jessier Quirino - Zé Qualquer e Chica Boa

  23. 23

    Jessier Quirino - Baixe as armas, comedor

  24. 24

    Jessier Quirino - Bandeira nordestina

  25. 25

    Jessier Quirino - Sou Fã do Bilhetismo do Amor

  26. 26

    Jessier Quirino - Voltando Pro Nordeste

  27. 27

    Jessier Quirino - A Taba da Sarvação

  28. 28

    Jessier Quirino - Além Das Preces

  29. 29

    Jessier Quirino - Me Troque Esse Rádio

  30. 30

    Jessier Quirino - Nada Faz Mais Zoada Que Três Mulher e Um Pato

  31. 31

    Jessier Quirino - O DIA EM QUE DEUS ADEUSOU-SE

  32. 32

    Jessier Quirino - Uma paixão pra Santinha

  33. 33

    Jessier Quirino - E o povo gritando amém

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    Jessier Quirino - Enrrolando Boldrin

  35. 35

    Jessier Quirino - Entre o pente e o repente

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    Jessier Quirino - Fé menina

  37. 37

    Jessier Quirino - HABEAS-CORPUS PASSARINHO

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    Jessier Quirino - Lua de Tapioca

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    Jessier Quirino - MERENDA CORRIQUEIRA

  40. 40

    Jessier Quirino - MEU NOME NÃO TEM SUSTANÇA

  41. 41

    Jessier Quirino - Meus Pecados Prediletos

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    Jessier Quirino - O CUSCUZ DO DIA-A-DIA

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    Jessier Quirino - Paixão de Atlântico na beira do mar

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    Jessier Quirino - Poema da Paixão Escapulida

  45. 45

    Jessier Quirino - Turista Brasileiro

Parafuso de cabo de serrote

Jessier Quirino

Tem uma placa de Fanta encardida
A bodega da rua enladeirada
Meia dúzia de portas arqueadas
E uma grande ingazeira na esquina
A ladeira pra frente se declina
E a calçada vai reta nivelada
Forma palmos de altura de calçada
Que nos dias de feira o bodegueiro
Faz comércio rasteiro e barateiro
Num assoalho de lona amarelada.

Se espalha uma colcha de mangalho:
É cabestro, é cangalha e é peixeira
Urupema, pilão, desnatadeira
Candeeiro, cabaço e armador
Enxadeco, fueiro, e amolador
Alpercata, chicote e landuá
Arataca, bisaco e alguidar
Pé de cabra, chocalho e dobradiça
Se olhar duma vez dá uma doidiça
Que é capaz do matuto se endoidar.

É bodega pequena cor de gis
Sortimento surtindo grande efeito
Meia dúzia de frascos de confeito
Carrossel de açúcar dos guris
Querosene se encontra nos barris
Onde a gata amamenta a gataiada
Sacaria de boca arregaçada
Gargarejo de milhos e farelos
Dois ou três tamboretes em flagelo
Pro conforto de toda freguesada.

No balcão de madeira descascada
Duas torres de vidro são vitrines
A de cá mais parece um magazine
Com perfume e cartelas de Gillete
Brilhantina safada, canivete
Sabonete, batom... tudo entrempado
Filizolla balança bem ao lado
Seus dois pratos com pesos reluzentes
Dá justeza de peso a toda gente
Convencendo o freguês desconfiado.

A Segunda vitrine é de pão doce
É tareco, siquilho e cocorote
Broa, solda, bolacha de pacote
Bolo fofo e jaú esfarofado
Um porrete serrado e lapidado
Faz o peso prum março de papel
Se embrulha de tudo a granel
E por dentro se encontra uma gaveta
Donde desembainha-se a caderneta
Do freguês pagador e mais fiel.

Prateleiras são tábuas enjanbradas
Com um caibro servindo de escora
Tem também não sei qual Nossa Senhora
Com um jarrinho de louça bem do lado
Um trapézio de flandres areados
Um jirau com manteiga de latão
Encostado ao lado do balcão
Um caneiro embicando uma lapada
Passa as costas da mão pelas beiçadas
Se apruma e sai dando trupicão.

Tem cabides de copos pendurados
E um curral de cachaça e de conhaque
Logo ao lado se vê carne de charque
Tira gosto dos goles caneados
Pelotões de garrafas bem fardados
Nas paredes e dentro dos caixotes
Uma rodilha de fumo dando um bote
E um trinchete enfiado num sabão
E o bodegueiro despacha ao artesão
Um parafuso de cabo de serrote.

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