Eu já tô com esta idade
 
 Papai beirando os noventa
 
 Louvo pela mocidade
 
 Com vinte, trinta e quarenta
 
 Dizia em tom revoltando:
 
 - Este é um governo safado,
 
 Mais um governo que vem
 
 Perante a lei fundiária
 
 Fará uma reforma agrária
 
 E o povo gritando amém!
 
  
  Feito um bicho oprimido
 
 Sofrendo apuro e desgosto
 
 Papai ficou convencido
 
 Que rei morrido é rei posto
 
 No dia da eleição
 
 Papai virou cidadão
 
 Mamãe, cidadã também
 
 Votaram em força contrária
 
 Querendo a reforma agrária
 
 E o povo gritando amém!
  
 
 A coisa foi piorando
 
 Pro lado dos piorais
 
 E a tal reforma ficando
 
 Pra trás, pra trás e pra trás
 
 Hoje o poeta Quirino
 
 Diante de um Vivaldino
 
 Não abro nem para um trem
 
 Abordando este problema
 
 Meto o pau com meus poemas
 
 E o povo gritando amém
  
 
 A coisa se melhorando
 
 Cheio de mais, mais e mais, mais
 
 E a tal reforma ficando
 
 Pra trás, pra trás e pra trás
 
 Hoje o poeta Quirino
 
 Diante de um Vivaldino
 
 Não abro nem para um trem
 
 Abordando este problema
 
 Meto o pau com meus poemas
 
 E o povo gritando amém