Não passo de um pobre e minúsculo Atlântico 
 Diante da moça que vem se banhar 
 Princesa dos raios de brilho solar 
 Que mostra pra gente que o ouro é ralé 
 Uma espuma finíssima me veste a maré 
 Qual nata de leite depois de amornar 
 E a Deusa se achega, de bem comparar 
 Descida das nuvens que rimam com sonho 
 E eu pobre Oceano, não tenho tamanho 
 De ser seu parceiro de beira de mar. 
    E a moça abeirando meus véus de espuma 
 Olhar de cupido a me recear 
 Aqui… bem aqui! O cabelo a voar 
 De cor, cor-de-cuia de louro brejeiro 
 Seus pés, de mansinho, me tocam primeiro 
 E a boca em suspiro aspira o meu ar 
 Recolhe os bracinhos a se arrupiar 
 E se carrapixam os poros e pelos 
 Os outros primores, eu nem pude vê-los 
 Morri de Atlântico na beira do mar.   
 De lenda e sereia a moça se agacha 
 E põe-se ditosa a me baldear 
 Um fogo de afago me faz fervilhar 
 Borbulhas de flauta perfume reseda 
 Uma pele macia - qual capa de seda 
 Dos amendoins no afã de torrar 
 No raso das águas se faz cobrejar 
 Em colcha de espuma de puro chenill 
 E o "A" de paixão se afoga no til 
 Na onda de Atlântico da beira do mar.