No descortinar da janela 
 Meu peito arfa um cheiro 
 Não sei se é a primavera 
 Ou sonho passageiro 
    Meu quarto exala um aroma 
 Num respirar de fetiche 
 Parece que tudo soma 
 Como se um amor existisse   
 Ela vive bailando na mente 
 No palco da imaginação 
 Coreografando a semente 
 Que germina no meu coração   
 E nessa longa espera 
 De tantas horas ao leu 
 O seu olhar quem me dera 
 Fosse uma estrela do céu   
 Eu vivo a mover saudade 
 E nem sei a razão, e o porque 
 São réstias da mocidade 
 Lembranças que vem de você   
 A solidão é meu deserto 
 Miragem de muito alem 
 Sinto você tão perto 
 Mais nunca vejo ninguém   
 E nesse buscar quase louco 
 Perdido na imaginação 
 Minha alma morre um pouco 
 Nas asas da imensidão   
 A teimosia é implacável 
 Parece que me desconcerta 
 É uma paixão instável 
 Que insiste e me desperta   
 Procuro em todos os cantos 
 Onde encontrar essa flor 
 Razão dos meus encantos 
 Dos meus vagidos de amor   
 Confuso o poeta chora 
 Dos sentimentos sem leme 
 Inspiração me devora 
 E essa saudade não some