Capotes Brancos, Capotes Negros
       Capote preto, capote branco 
 
 Quem dá o flanco 
 
 Nunca se defende bem 
 
  
  Capote branco, capote preto 
 
 O Xico-esperto 
 
 Usa a cor que lhe convém 
  
 
 Em tempos que já lá vão 
 
 Vinham uns homens de mão 
 
 A soldo da reacção 
 
 Armar brigas e banzé 
 
 Junto ao Palácio de Sebastião José 
 
 Mas o Pombal, sabido 
 
 Estava prevenido 
 
 E tinha preparado 
 
 O seu esquadrão privado 
  
 
 E não pisavam o risco 
 
 No Bairro Alto os brigões de S Francisco 
 
 Enquanto o povo assistia 
 
 Às contradições que havia 
 
 No seio da fidalguia 
 
 Vinha a bófia endireitar 
 
 O Bairro Alto que ela andava a entortar 
 
 Os reaccionários, de um lado 
 
 Capote preto, cruzado 
 
 Do outro lado, os brancos 
 
 Que os punham logo a fancos 
 
 E não sei porque razão 
 
 Quem se lixava era sempre o mexilhão